Sempre tive um monte de ferramentas, e recentemente com a situação do vírus e a mistura álcool/aplicativos-de-compras eu acabei comprando várias novas, principalmente para trabalhar com madeira. Só não comprei uma serra circular porque gosto dos meus membros do tamanho original.
Na realidade comecei a comprar mais após assistir vários vídeos de marcenaria no Facebook – acho muito legal a possibilidade de criar algo com as próprias mãos, e nesses vídeos eles fazem com uma agilidade que parece ser muito fácil! Mas não é. A maior dificuldade no meu caso é a área de trabalho. Eu tenho as ferramentas no quarto de empregada, que deve ter 2 metros quadrados, então construir uma cama de casal está fora das possiblidades físicas. Mas tentei fazer algumas coisas pequenas de madeira, e só então confirmei o que sempre digo: só porque Leonardo da Vinci fazia desenhos fantásticos com carvão que eu poderia fazer o mesmo com um lápis e uma folha de papel.
Comecei a notar detalhes dos móveis de casa que dificilmente eu conseguiria fazer com meus parcos conhecimentos em marcenaria – e o pouco valor que damos para esse tipo de trabalho. Na realidade, costumamos não dar muito valor para trabalhos manuais, e isso acontece desde sempre.
A família de meu pai costumava dizer que meu avô (que faleceu quando meu pai tinha quinze anos de idade) era “pedreiro”. Até aí, nenhum problema – eu mesmo não tenho capacidade de fazer o que um pedreiro faz. Só que depois de muito tempo ficamos sabendo que ele não era exatamente pedreiro, mas sim um responsável por fazer aquelas imagens ou figuras que adornavam a parte de cima da fachada das casas. E o fazia sem um molde, portanto era quase uma obra de arte única em cada imóvel. Mas para minha família, ele era “pedreiro”.
Minha mãe fazia tricô e crochê para a loja de meus avós desde os sete anos de idade. Ela tinha uma prática impressionante, e velocidade incrível para fazer casaquinhos de bebê, mantas, agasalhos e outras peças de vestuário. Fez centenas de milhares de peças – infelizmente parou muito antes do advento das fotografias digitais, caso contrário poderia ter feito o maior catálogo de peças de tricô do mundo! Ela tricotava enquanto assistia TV conosco, e nem olhava para o que estava tricotando. Como minha avó fechou a loja, minha mãe foi aos poucos parando de tricotar – fazia de vez em quando um agasalho para algum dos filhos ou netas – eu tenho vários até hoje, e meus irmãos também.
Todos esses trabalhos manuais são desprezados pela maioria das pessoas – até o dia em que elas tentam reproduzir alguma peça…
Não é a primeira vez que eu tento fazer algo com madeira, e o resultado foi o mesmo que de sempre: fica uma porcaria. Em minha defesa, nunca fiz nenhum curso de marcenaria e o que sei aprendi na orelhada autodidata (basicamente como tudo que sei fazer). Pode ser que assistindo a esses vídeos com mais frequência eu consiga melhorar o resultado final. Só preciso arrumar um lugar um pouco maior que o quarto de empregada – eu estava pensando em converter minha sala de visitas em uma oficina para minhas ferramentas. Afinal, eu nem recebo visitas mesmo!