DA REDAÇÃO (com Agências) – O popular visto de trabalho H-1B, que contempla profissionais estrangeiros de alta especialização e curso superior, a maioria no setor tecnológico, está cada vez mais difícil de se conseguir.
De acordo com uma reportagem publicada no jornal The New York Times, a maior parte dos pedidos de H1-B começam a ser apreciados depois de passarem por uma espécie de loteria, e companhias de recrutamento internacional inundam o sistema com pedidos, diminuindo significativamente as chances de seleção para o candidato comum.
O programa H-1B foi estabelecido pelo Congresso com o objetivo de ajudar as companhias americanas no recrutamento de estrangeiros altamente especializados, necessários para o crescimento da empresa. Mas o programa tem decepcionado os empregadores, pela dificuldade de conseguir o visto para os trabalhadores.
No lugar das empresas com reais necessidades profissionais, quem está ficando com a maior parte dos 85 mil vistos disponíveis por ano são empresas de recrutamento e outsourcing, que descobriram como usar o recurso do H-1B sem quebrar as regras, segundo seus advogados.
Antigamente, um empregador americano poderia conseguir esse tipo de visto para um trabalhador estrangeiro a hora que quisesse. Nos últimos anos, entretanto, com o aquecimento da economia, empresas de recrutamento e outsourcing descobriram um filão no programa, e entram com dezenas de milhares de pedidos assim que a imigração abre as inscrições para o H-1B, no dia 1 de abril. Depois desse prazo, fica muito difícil conseguir uma aprovação, diz a reportagem.
Das 20 companhias que receberam a maioria dos H-1B em 2014, 13 eram empresas de recrutamento global, de acordo com a reportagem do NYT. Elas ficaram com 40% dos vistos disponíveis (cerca de 32 mil), enquanto 10 mil outros empregadores dividiram o restante deles. Cerca de metade das aplicações do ano fiscal de 2014 foram rejeitadas porque ficaram de fora da quota.
As companhias que têm recebido a maioria dos vistos nos últimos anos incluem TCS, Infosys e Wipro, todas gigantes de outsourcing, baseadas na Índia. Segundo o NYT, essas empresas criaram um modelo de negócios que se encaixa nas regras estabelecidas para o H-1B e que oferece mão de obra barata a terceiros.
A lei federal requer que companhias multinacionais com muitos empregados sob o H-1B assinem uma declaração que não vão desalojar americanos. Mas há um recurso para passar por cima da exigência: ela pode ser cancelada se o empregador pagar mais de $60 mil por ano ao beneficiário do H-1B – muito menos que que o salário de um profissional de TI especializado na maior parte do País.
Entre os tipos de vistos de trabalho oferecidos pelos Estados Unidos, o H-1B sobressai pelas suas regras peculiares. A quota anual é de 65 mil vistos para estrangeiros aplicando pela primeira vez, e os 20 mil restantes são para estudantes estrangeiros que fazem pós-graduação em universidades americanas. As inscrições para o visto abrem no dia 1 de abril e são na base do ‘leva quem chegar primeiro’.
Só é permitida uma aplicação individual, mas não há limite para o número de aplicações que uma companhia pode submeter a imigração. Pela lei, se o número de aplicações exceder o número de quotas disponíveis, a seleção é feita através de um sorteio.
A demanda pelo visto tem explodido nos últimos anos. Desde 2013 que o governo é obrigado a usar o recurso do sorteio para a seleção. Este ano, 233 mil aplicações foram submetidas em apenas sete dias, e dois terços delas foram negados por chegarem depois de ultrapassada a quota de 85 mil.
Gigantes americanas, como IBM, Microsoft, Facebook e Google, que também usam o H-1B para completar seus quadros, têm pressionado o Congresso para aumentar a quota anual do visto.
Na semana passada, um projeto de lei bipartidário para fazer mudanças no programa H-1B foi introduzido no Senado. As mudanças–que viriam também para outro tipo de visto de trabalho temporário, L-1 – visam aumentar os requisitos de salário, monitoração e fiscalização, e outras proteções ao trabalhador americano.