A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi desconsiderou as advertências da China e desembarcou em Taiwan nesta terça-feira (2) para apoiar seu governo e se reunir com ativistas de direitos humanos.
A viagem de Pelosi a Taiwan é o auge de décadas como uma das principais críticas americanas ao governo de Pequim, especialmente em questões de direitos, e ressalta a longa história de adoção pelo Congresso dos EUA de uma linha mais dura do que a Casa Branca nas negociações com Pequim.
Em 1991, dois anos após a sangrenta repressão da China às manifestações pró-democracia, Pelosi e dois outros parlamentares dos EUA apresentaram uma faixa na Praça da Paz Celestial que dizia: “Aos que morreram pela democracia na China”. A polícia se aproximou, forçando-os a deixar a praça.
Em 2015, ela levou um grupo de democratas da Câmara ao Tibet, a primeira visita desse tipo desde a agitação generalizada em 2008. Pelosi tem falado regularmente sobre questões de direitos humanos no Tibet e se encontrou com o Dalai Lama, que Pequim considera um separatista violento.
A China vê as visitas de autoridades dos EUA a Taiwan como um sinal encorajador para o campo pró-independência da ilha. Washington não tem laços diplomáticos oficiais com Taiwan, mas os EUA são legalmente obrigados a fornecer os meios para que a ilha se defenda.
Kharis Templeman, especialista em Taiwan da Hoover Institution da Universidade de Stanford, disse que Pelosi, de 82 anos, estaria procurando cimentar seu legado ao sinalizar apoio a Taiwan contra a pressão de Pequim.
“E que pessoa melhor para enviar esse sinal do que a própria presidente da Câmara? Então ela está em uma posição simbólica muito poderosa para se colocar contra o PCC”, afirmou Templeman, referindo-se ao Partido Comunista Chinês.
Pequim considera Taiwan parte de seu território e nunca renunciou ao uso da força para colocar a ilha sob seu controle. Taiwan rejeita as reivindicações de soberania da China e diz que apenas seu povo pode decidir seu futuro.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse que a viagem levaria a “desdobramentos e consequências muito graves”.
Analistas disseram que a resposta de Pequim provavelmente será simbólica. “Acredito que a China tentou sinalizar que sua reação deixaria os EUA e Taiwan desconfortáveis, mas não causaria uma guerra”, afirmou Scott Kennedy, analista da China no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington.
O Congresso dos EUA há muito tempo adota uma linha mais dura em relação a Taiwan do que a Casa Branca, não importando se estão no comando os democratas, como o presidente Joe Biden e Pelosi, ou os republicanos.
Os republicanos apoiaram a viagem de Pelosi. “Qualquer membro que queira ir, deve ir. Isso mostra dissuasão política ao presidente Xi”, disse o deputado Michael McCaul, principal republicano do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, à NBC News.