Em praticamente todas edições do AcheiUSA há relatos de brasileiros que foram capturados na fronteira tentando entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Nesta edição, há uma matéria mostrando quatro brasileiros detidos quando tentavam entrar no País pela fronteira norte através do Canadá.
Vivendo na Flórida há 26 anos ainda não consigo entender a opção de alguns brasileiros de procurar um traficante de seres humanos para ingressar no País sem estar legalmente autorizado a fazê-lo.
Entendo que muitas vezes a autorização de viagem não é aprovada pelos diplomatas americanos na embaixada e nos consulados americanos instalados nas principais cidade brasileiras. Entretanto, a saída é perseverar e agregar elementos que possam servir para obter o visto de entrada nos Estados Unidos. E aí vem o principal: cumprir rigorosamente o prazo determinado pelo Departamento de Imigração a fim de evitar ficar ilegal e vir a ter problemas futuros.
Sei que esse é o mundo ideal e uma boa parte dos brasileiros que pretendem emigrar para cá não reúnem as condições exigidas pelo governo americano na concessão do visto de entrada no País. Porém, procurar bandidos (alcunhados de coiotes) não é a melhor solução. Lembre-se sempre que você está lidando com marginais e fazendo algo que contraria as leis do País para o qual você deseja emigrar.
Diante dessa realidade, você está literalmente nas mãos de bandidos, cujo interesse é basicamente tomar seu dinheiro e ainda ameaçar você e sua família ou, no caso de mulheres, praticar estupros durante esta travessia. E o pior de tudo é que nem você nem ninguém de sua família pode recorrer aos agentes policiais do Brasil, México ou Estados Unidos, pois você está conivente com um delito.
A criatividade dos traficantes de seres humanos é inacreditável. A cada dia eles inventam uma nova maneira de burlar o sistema de vigilância dos agentes da Imigração dos Estados Unidos. E, com o aumento das dificuldades, o preço também sobe. Recentemente publicamos o caso de um rapaz de 21 anos que morreu depois de ser abandonado à própria sorte no deserto mexicano. E ele havia concordado em pagar $14 mil!
Ora, se em vez de colocar esse dinheiro nas mãos de bandidos, ele tivesse investido em algum tipo de negócio no Brasil suas chances de sucesso seriam maiores. Afinal, estamos falando de cerca de R$ 70 mil, quantia considerável. Claro que estou ciente de que este valor não é pago de uma vez, pois boa parte da “dívida” é paga em prestações. E as “garantias” são o bem estar das famílias daqueles que concordaram em embarcar nesta aventura nefasta.
A alegação daqueles que defendem essa alternativa é a de que morar nos Estados Unidos compensa todas as vicissitudes e perigos enfrentados. Ledo engano. A vida aqui também é difícil e poucos são aqueles que conseguem sucesso de fato como imigrante ilegal. A maioria sobrevive de maneira precária e leva uma vida sem nenhum tipo de prazer. Será que isto vale a pena em troca de receber em dólares?
A pessoa que consegue entrar ilegalmente nos Estados Unidos tem de viver nas sombras. Afinal, não tem nenhum tipo de documento legal. Ou seja, não pode sequer tirar uma carteira de motorista, documento essencial para quem mora na Flórida. Também não tem como obter Social Security, que garante aos trabalhadores um pecúlio para ser usado depois de o trabalhador se aposentar.
Como a maioria não domina o idioma inglês ou nem mesmo o espanhol fica vivendo em uma bolha formada por brasileiros que funciona como uma rede informal para as atividades básicas: indicar moradias, pois é preciso documentos legais e histórico de crédito no País para conseguir alugar um imóvel; recolocação em empregos, geralmente em empresas de brasileiros que pagam o que quiser, aproveitando-se de sua frágil situação legal, e a dependência da própria comunidade.
Portanto, antes de se aventurar nessa empreitada, pense bem os prós (poucos) e os contras (muitos). E tenha em mente que viver nos Estados Unidos não significa estar no paraíso na Terra. Pelo próprios problemas inerentes ao País e pela situação que você estará – longe de seus entes queridos e sem condições de visitá-los, mesmo em casos extremos.
Acho melhor a pessoa considerar sua permanência no Brasil ou tentar outro país para emigrar que talvez ofereça melhores condições aos emigrantes.
Se vier legalmente ao EUA, será bem recebido. Se entrar ilegalmente, enfrentará a dureza da lei e, ainda por cima, deixará a nós, brasileiros legais, envergonhados por ver o nome de nosso país envolvido neste tipo de atividade espúria. É a chamada vergonha alheia!