O Hemisfério Norte acaba de vivenciar a temporada de verão mais quente já registrada, anunciou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) na quarta-feira (6). Os climatologistas definem o verão como os meses de junho, julho e agosto. Oficialmente, o primeiro dia de outono só será em 23 de setembro.
O mês de julho bateu o recorde de mês mais quente desde que há registo com equipamento moderno. O mês de agosto ocupou o segundo lugar. Segundo os cientistas, 2023 já está classificado como o segundo ano mais quente de que há registo, atrás apenas de 2016. “Os três meses que acabamos de viver são os mais quentes desde há cerca de 120 mil anos, ou seja, desde o início da história da humanidade”, disse a chefe-adjunta do Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus, Samantha Burgess, à AFP.
“O verão no Hemisfério Norte, onde vive a grande maioria da população mundial, foi de longe a mais quente já visto no mundo, com uma temperatura média global de 16,77ºC”, disse. Este valor é 0,66°C superior às médias para o período 1991-2020, já marcado por um aumento das temperaturas médias globais devido ao aquecimento global provocado pela atividade humana. Também é cerca de 2 décimos acima do anterior recorde estabelecido em 2019.
Agosto foi cerca de 1,5ºC mais quente do que as médias pré-industriais, limiar de aquecimento que os cientistas aconselham não ultrapassar. Mas, de acordo com a agência AP, essa medida é calculada ao longo de décadas, e não apenas em um mês, “fazendo com que os cientistas não consideram essa breve passagem assim tão significativa”, afirmou.
Além disso, as temperaturas dos oceanos também atingiram níveis máximos sem precedentes em agosto e o gelo marinho da Antárctida permaneceu num nível recorde para esta época do ano.
O sobreaquecimento dos mares, que continuam a absorver 90% do excesso de calor causado pela atividade humana desde a era industrial, desempenha um papel importante neste fenômeno.
De 31 de julho a 31 de agosto, a temperatura média dos mares à superfície “ultrapassou todos os dias o recorde anterior, estabelecido em março de 2016”, segundo o Copernicus, atingindo a marca simbólica sem precedentes de 21°C, muito acima de todos os registos. “O aquecimento dos oceanos leva a um aquecimento da atmosfera e a um aumento da humidade, o que resulta em chuvas mais intensas e mais energia disponível para os ciclones tropicais”, explicou Burgess.
A cientista citou ainda o branqueamento dos corais, a proliferação de algas nocivas e “o potencial colapso dos ciclos reprodutivos”. Segundo ela, o sobreaquecimento também afeta a biodiversidade por haver “menos nutrientes no oceano e menos oxigênio”, o que ameaça a sobrevivência da flora e da fauna.