DA REDAÇÃO – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou que as repartições públicas não trabalharão às sextas nos meses de abril e maio como parte das medidas de emergência para economizar energia diante da queda drástica do volume de água nas hidrelétricas.
“Teremos fins de semana mais longos durante os quais precisamos aumentar o aporte da administração pública nacional, estadual e municipal [à mobilização contra a crise elétrica]”, disse Maduro na noite desta quarta-feira (6).
A medida, que deve ser publicada nesta quinta (7) no Diário Oficial, foi anunciada durante o programa semanal de TV do deputado chavista e ex-presidente da Assembleia Nacional Diosdado Cabello.
Há algumas semanas, as repartições públicas já vêm funcionando apenas na parte da manhã.
O setor privado também está sujeito a medidas. Shoppings em todo o país só recebem energia elétrica do meio-dia às 19h.
O sentido de urgência aumentou no início desta semana, quando a estatal Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec) informou que o volume de água da represa Guri (sudeste), onde fica uma central hidrelétrica responsável pelo fornecimento de 63% da energia no país, baixou para 243,94 metros acima do nível do mar, índice mais baixo da história.
Nesta quarta, o nível desceu para 243,66 metros. Caso fique abaixo de 240 metros, não haverá água suficiente para manter as turbinas funcionando, e a central seria desligada, provocando um apagão generalizado.
O fornecimento de água também está afetado. A maioria das residências no país está submetida a racionamento. No edifício onde reside o repórter da Folha, numa área nobre de Caracas, só há água durante 1h30 por dia.
A oposição admite os efeitos da seca, mas acusa o governo de ter desviado verbas destinadas a investimentos no setor hidrelétrico e de ter falhado em criar infra-estrutura para se precaver.
Outros países, como a Colômbia, também sofrem os efeitos da seca, mas o racionamento não atinge as mesmas proporções que na Venezuela.
Maduro pediu à população “máxima consciência” na hora de usar energia elétrica.
Além dos problemas ligados à falta de água, venezuelanos enfrentam desabastecimento, inflação de três dígitos e índices de violência semelhantes aos de países em guerra.