Os elogios do CEO da Goya, Robert Unanue, ao presidente Donald Trump, em um evento na Casa Branca, não foram muito bem recebidos pela população hispânica nos Estados Unidos. Indignados e sentindo-se traídos, alguns influenciadores latinos iniciaram uma campanha nas mídias sociais para boicotar os produtos da empresa de alimentos, que tem forte ligação com a comunidade.
“Você sabe quem são as pessoas que compram seus produtos?”, indagou a ativista Lorgia Ortega, nascida em El Salvador e que vive em Los Angeles, ressaltando que Trump insultou demais a comunidade latina. A diretora da organização Latino Victory, Nathalie Rayes, classificou como “vergonhoso” o fato de o presidente da Goya elogiar o presidente “mais antilatino da história”, disse Nathalie Rayes, diretora executiva da organização Latino Victory Fund.
A jornalista Ana Navarro-Cárdenas foi ainda mais longe. Ao lembrar que a grande maioria de consumidores da Goya é latina, ela disse que foi insensível que o CEO da empresa elogiasse um presidente que coloca crianças em gaiolas, que joga rolos de papel em porto-riquenhos depois do furacão e que chama mexicanos de estupradores. “É normal uma reação negativa às declarações de Unanue. E este é um país livre – ele tem o direito de opinar e os consumidores também têm o direito de comprar produtos de outras marcas”, afirmou Navarro-Cárdenas, que é republicana.
Após uma reunião na Casa Branca, Robert Unanue não economizou afagos a Trump: “Somos verdadeiramente abençoados por ter um líder como o nosso presidente, que é um construtor”. Americano de nascença, mas representante da terceira geração de porto-riquenhos e de imigrantes vindos da Espanha. Ele está à frente de uma empresa líder de mercado, um verdadeiro império internacional de alimentos, com produtos que invariavelmente estão nas mesas de hispânicos na América. Ao saber da insatisfação de parte da sociedade, o executivo garantiu que não iria se desculpar.
O movimento vem ganhado força. Gente como a política democrata Alexandria Ocasio-Cortez e o ator e dramaturgo da Broadway Lin-Manuel Miranda, usou as redes sociais para demonstrar insatisfação. Ainda é cedo para avaliar o impacto do boicote, mas a julgar pelas manifestações, a Goya tem motivos para se preocupar. “Se somos a principal fonte de renda da empresa, eles têm responsabilidade para com a comunidade”, acredita Lina Báez-Rosario, de Manhattan.