Vários são os fatores que mostram ser esta Copa do Mundo Catar 2022 diferente das outras 21 edições já disputadas. Normalmente, esses torneios são disputados em países europeus, de preferência da Europa Ocidental, e algumas versões também foram jogadas nas Américas.
A primeira vez que a FIFA inovou foi em 2002, quando dois países asiáticos – Japão e Coreia do Sul – sediaram a Copa do Mundo de 2002. De boas lembranças para os brasileiros, aliás, porque a Seleção Brasileira comandada por Luiz Felipe Scolari conquistou o pentacampeonato, com uma campanha impecável, com sete vitórias em sete jogos.
O continente africano sediou a Copa do Mundo de 2010, com a África do Sul. Aquela foi a primeira vez que a África recebeu o maior evento futebolístico do planeta, onde a Espanha conquistou seu único título de campeã mundial. Depois da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, um país da Europa Oriental (Rússia) realizou sua Copa do Mundo.
Agora, chegou a vez do Catar, país pequeno e rico, incrustado no Golfo Pérsico. Particularmente, acho louvável a FIFA dar oportunidade de outros povos conhecerem a cultura árabe, porém, é inegável que a lei islâmica tem códigos muito rígidos, sobretudo em relação às mulheres. Isto tem provocado reações de entidades de igualdade entre homens e mulheres, mas a teocracia que governa este califato não dá mostras de ceder.
Assim como não cedeu à proibição do consumo de álcool, princípio basilar da religião islâmica. Quem quiser consumir álcool, precisa estar confinado em hotéis internacionais ou em eventos privados. Até mesmo na Fan Festival, realizada em volta dos estádios, o consumo de cerveja foi proibido, gerando um mal estar entre a FIFA e a Budweiser, um de seus patrocinadores masters. Certamente, as duas partes devem encontrar alguma forma de compensação por este inconveniente. Pelo menos, o consumo de cerveja sem álcool está liberado.
Outro ponto bastante controverso é a campanha contra os homossexuais. Um casal homossexual pode até mesmo ser condenado à morte se for flagrado pela patrulha islâmica, que reprova este tipo de relacionamento. Até mesmo os capitães de algumas seleções europeias foram proibidos pela FIFA de usar braçadeiras com o arco-íris, simbolo do LGBTQIA+. Inicialmente, acenou-se com multa às federações desses países. Como elas não pretendiam recuar, a FIFA radicalizou e revelou que os capitães seriam punidos com cartões amarelos. Como a Inglaterra não deseja ficar sem Harry Kane, nem a Alemanha sem Manuel Neuer, para ficar em dois exemplos, a ideia foi abortada, para felicidade dos organizadores do evento.
Por fim, há os conflitos étnicos que, neste caso, extrapolam as sedes das copas mundiais. No jogo entre Suíça e Sérvia também há questões espinhosas. Dois craques da seleção suíça, Granit Xhaka e Xherdan Shaqiri, são refugiados do Kosovo e naturalizados como suíços e os kosovares acusam os sérvios de limpeza étnica na região dos Balcãs. Logicamente, os sérvios acusam os kosovares de espalhar terrorismo na região.
Outro paradigma quebrado nesta Copa do Mundo foi um trio de arbitragem totalmente feminino pela primeira vez em um jogo masculino da Copa do Mundo na quinta-feira (01), na partida entre Costa Rica e Alemanha.
Stephanie Frappart também foi a primeira mulher a ocupar a função de árbitro principal em uma Copa do Mundo masculina. Na semana passada, a francesa já havia conquistado a marca de primeira mulher a participar da equipe de arbitragem no jogo entre México e Polônia, do qual foi quarta árbitra.
Na quinta-feira (1), Stephanie Frappart teve como árbitras assistentes a mexicana Karen Diaz Medina e a brasileira Neuza Back.
Catarinense, Neusa Inês Back atua desde 2009 na série A do Campeonato Brasileiro masculino e, em 2014, tornou-se árbitra assistente da Fifa, segundo informa o site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ela tem também no currículo os Jogos Olímpicos do Rio de 2016 e a Copa do Mundo feminina de 2019.
Já a francesa Stephanie Frappart se tornou, em 2020, a primeira mulher a arbitrar um jogo masculino da Liga dos Campeões. A árbitra de 38 anos também foi a primeira mulher a comandar uma partida em uma importante competição masculina da UEFA (União das Associações Europeias de Futebol), quando Liverpool e Chelsea se enfrentaram na Supercopa da Europa de 2019.
Três mulheres — Frappart, a ruandesa Salima Mukansanga e a japonesa Yoshimi Yamashita — estão entre os 36 selecionados para serem árbitros principais dos jogos no Catar.