Às vésperas mais uma animada, e sempre controversa, reunião dos países mais ricos do mundo, o G-20, dois convidados destoam dos seus pares e prometem ser os protagonistas e não e no bom sentido, da festa. Trump e Temer, que têm tudo para formar uma dupla caipira de sucesso por promoverem alto grau de sofrências, trazem para a festa, cada um a seu modo, um retrato caricato do que seus países representavam a bem pouco tempo atrás. A América, bastião da democracia, liberdade e líder incontestável nas causas sociais e em prol do meio ambiente, agora compete em nível de ridicularidade com a Coréia do Norte. O Brasil, que sob o governo Lula emergiu próspera e eficiente, emprestando dinheiro para o FMI ao mesmo tempo em que elevava o poder aquisitivo das classes mais baixas, promovendo uma igualdade social nunca antes vista, agora amarga o retorno a condições de trabalho e previdência piores do que na época da escravidão, em benefício de uma economia que só privilegia uns poucos.
O quadro não poderia ser pior para o novo mundo, que so se redime com a presença do primeiro ministro do Canadá, Justin Trudeau, representando o nível em que deveríamos todos estar. O abismo entre Europa e Américas é tão profundo que a presença de nossos mandatários chega a ser incômoda. É de se esperar que na foto oficial ninguém queira estar muito próximo de Trump ou Temer. Neste cenário, todas atenções vão para Putin, Merkel e o novato Macron, que disputam a vaga de líder mundial.
A agonia dos americanos dura apenas seis meses, enquanto a dos brasileiros é de quase um ano. A permanência da dupla caipira no poder ajuda a reforçar as várias teorias de conspiração ao ponto de serem levadas a sério. Enquanto milhares de vidas de trabalhadores imigrantes é diariamente destruída e conquistas e avanços importantes na área de ciências, educação e bem estar social são irreparavelmente demolidas, so a especulação econômica e a industria armamentícia parece estar pouco incomodada com as pirraças de Trump. No Brasil, apesar da enxurrada de provas, fitas, recibos, malas de dinheiro que bastariam para levar Temer à cadeira elétrica em qualquer país sério, o mesmo corre contra o relógio para aprovar novas leis trabalhistas e de previdência que condena a população a escravidão perpétua. Sob este ponto de vista fica óbvio que suas ações agradam a alguém que está pagando a conta. Soros e sua quadrilha? Iluminatti?
A bem da verdade, o mundo está desabando tanto nos EUA quanto no Brasil. Na América, famílias são separadas diariamente pela imigração e vive-se na insegurança frente aos cortes de programas sociais importantes, conquistas que representam o padrão de um estilo de vida que era modelo. No Brasil o clima é pior, ainda mais depois que a policia federal anunciou estar sem verbas para emitir passaportes, tornando difícil a possibilidade de fugir do caos. Todos os retrocessos econômicos, crimes contra o patrimônio e medidas descabidas são atribuídas aquele que um dia foi o redentor, Lula, mesmo sem até hoje ficar comprovada, mesmo remotamente, que haveria um dedo seu, apesar de faltar um e só falta usarem isso como prova na ausência de outras. Nesse contexto, sera que alguém realmente lê as páginas de economia do noticiário? Alguém realmente está acompanhando a alta do dólar ou dos mercados de ações? O cidadão comum? O que elege os lideres? Com certeza não.
Por isso, é surpreendente que os movimentos sociais não estejam engajados com o vigor necessário para reverter este quadro. Que o rei esta nu todo mundo já sabe, falta partirmos para a ação de resgate à normalidade, onde são debatidas questões sérias e não a última tuitada de Trump ou o ultimo escândalo da quadrilha de Temer. Tomara que a reunião do G-20 seja a pá de cal que faltava para evidenciar a falência das democracias americanas. Melhor vai ser prestar atenção nos diversos grupos de ativistas que estarão presentes para protestar. Quem sabe não aprendemos com eles como fazer nossas vozes serem ouvidas e respeitadas?