Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um ex-presidente é indiciado criminalmente pela Justiça. O republicano Donald Trump, 45º líder da nação (entre 2017 e 2021) e que recentemente lançou sua pré-candidatura à Casa Branca nas eleições do ano que vem, é acusado pelo procurador distrital de Manhattan (New York), Alvin Bragg, por um suposto suborno à atriz pornô Stormy Daniels. O indiciamento não foi anunciado formalmente e o escopo da acusação ainda é desconhecido, mas as informações são de que o dossiê apresentado contra o ex-presidente é consistente e o grande júri decidiu que há evidências para prosseguir com o processo criminal.
Ao receber a notícia, Trump disse em uma rede social que é “vítima de perseguição política e interferência eleitoral”. Seus advogados seguiram na mesma linha de “caça às bruxas orquestrada pelos democratas radicais”, mas garantiram que o ex-presidente deve se apresentar à Justiça na semana que vem, em caso de intimação. Há suspeitas de que o processo envolva falsificação de registros comerciais e fraude fiscal.
Trump teria pago US$ 130 mil a Daniels nas semanas que antecederam o pleito de 2016, com o objetivo de que ela não se manifestasse sobre um suposto caso extraconjugal entre os dois. O fato em si não ensejaria um processo criminal, mas o problema é que o dinheiro foi justificado nos gastos de campanha como honorários advocatícios ao advogado Michael Cohen, então consultor jurídico do ex-presidente. O pagamento foi efetuado através de uma das empresas de Trump.
“Ninguém está acima da lei, nem mesmo um ex-presidente”, afirmou Cohen em um comunicado. O advogado, aliás, esteve no centro do furacão quando o caso envolvendo a ex-atriz pornô veio à tona, em várias publicações na imprensa, em 2018. Ele afirmou que teria pago esta quantia a Stormy Daniels do próprio bolso, a pedido de Trump, e foi condenado a três anos de prisão depois de se declarar culpado por violação das leis sobre financiamento de campanhas eleitorais.
Aos 76 anos, o ex-presidente não necessariamente irá para a prisão, mas o procedimento padrão prevê que ele se apresente ao tribunal para que suas impressões digitais sejam incluídas no banco de dados da Polícia. A maior preocupação das autoridades é que os apoiadores de Trump organizem manifestações contra a decisão do procurador, semelhantes às que aconteceram em Washington DC, em 2021, quando centenas de pessoas invadiram o Capitólio.