DA REDAÇÃO, COM REUTERS — O presidente eleito Donald Trump começou o fim de semana que termina com o feriado de Martin Luther King, na segunda-feira, atacando pelo Twitter outro líder afro-americano, que marchou ao lado de King em 1965, e que classificou Trump como sendo um “presidente ilegítimo”.
O deputado Democrata John Lewis, da Georgia, disse na sexta-feira (13) durante o programa “Meet the Press”, da rede NBC, que acredita que hackers russos ajudaram na eleição de Trump. O deputado disse que não irá à posse do presidente eleito no dia 20 de janeiro, a primeira vez que ele deixará de comparecer à cerimônia de posse de um presidente, desde que foi eleito para a Câmara, em 1986.
No sábado (14), Trump disse através de sua conta no Twitter que Lewis fez reclamações falsas sobre o resultado das eleições e que “deveria gastar mais o seu tempo ajudando a melhorar a situação de seu distrito eleitoral, que está em péssimo estado e caindo aos pedaços (sem falar na criminalidade)”.
“Só fala, fala, fala – nenhuma ação ou resultados. Triste!”, tuitou Trump.
Durante a campanha, Trump disse que os Democratas decepcionaram afro-americanos e hispânicos. “Que diabos vocês têm a perder? Dêem-me uma chance”, disse ele durante um comício em Ohio, no ano passado.
Trump venceu as eleições com o menor apoio dado a um candidato por afro-americanos e hispânicos nos últimos 40 anos, somente 8 e 28%, respectivamente.
Lewis, líder dos movimentos pelos direitos civis por mais de meio século, apanhou da polícia durante uma passeata que liderou em 1965, em Selma, no Alabama, motivando afro-americanos a participarem mais do processo político. Estava ao lado de King naquela e em outras ocasiões.
“Acredito no perdão”, disse Lewis à NBC. “Acredito no trabalho ao lado de outras pessoas”, ele disse. “Será muito difícil. Não vejo este presidente eleito como um legítimo presidente”.
Vários correligionários do Partido Republicano criticaram as mensagens do presidente eleito.
Michael Steele, primeiro afro-americano a presidir o Comitê Nacional Republicano, onde serviu até 2011, disse que os tuítes foram uma infelicidade.
“John Lewis passou por uma jornada que poucas pessoas neste país passaram, muito menos Donald Trump, e por isso deve ser respeitado”, disse Steele à MSNBC.
Se Trump busca uma ponte para eles, os eleitores negros esperam que ele faça isso de uma forma que demonstre respeito pelas nossas lideranças”, disse Steele.
O senador Ben Sasse, de Nebraska, tuitou que “John Lewis e sua ‘fala’ mudaram o mundo”.
O colunista conservador Bill Kristol também usou o Twitter para criticar o presidente eleito. “Acho que Donald Trump trata [presidente russo] Vladimir Putin com mais respeito que a John Lewis.”