Em seu primeiro discurso no Congresso dos Estados Unidos, na noite de terça-feira (28), o presidente Trump pela primeira vez abordou a possibilidade de uma reforma imigratória que legalize parte dos milhões de imigrantes vivendo irregularmente no país.
Trump deixou de lado o tom agressivo contra a mídia e os Democratas e adotou um estilo mais conciliatório e presidencial no discurso de pouco mais de uma hora, no plenário da Câmara dos Deputados (House of Representatives), em Washington, D.C.
O discurso foi cheio de promessas, entre elas uma total reformulação do sistema de saúde, corte de impostos, gastos de $1 trilhão na reforma de estradas e pontes, e a promessa de colocar os Estados Unidos sempre à frente quando se trata de relações internacionais. “Meu trabalho não é o de representar o mundo; meu trabalho é representar os Estados Unidos”, disse Trump.
Quanto à imigração, o presidente confirmou a construção do muro na fronteira do México e os esforços para endurecer na perseguição aos imigrantes irregulares, mas acenou com a possibilidade de uma reforma, apelando aos dois partidos nesse sentido.
Ele disse que ela seria possível caso Republicanos e Democratas cooperassem na sua eleboração, ressaltando que uma nova política imigratória deveria levar em conta um sistema meritório, que valorize individuos qualificados, em vez dos imigrantes com pouca formação profissional e educacional.
A tão esperada reforma imigratória foi tentada nos dois governos anteriores, sem sucesso. Os projetos do Republicano George Bush e do Democrata Barack Obama esbarraram na oposição de um Congresso dominado por Republicanos, que impediu o progresso das reformas. Trump disse que uma reforma aumentaria os salários e ajudaria as famílias a entrarem na classe média.
“Acredito que uma real e positiva reforma imigratória é possível, conquanto nos concentremos nos seguintes objetivos: melhorar o mercado de trabalho e os salários dos americanos, aumentar a segurança da nação e restaurar o respeito às leis”, disse Trump.
O presidente defendeu a adoção de um novo sistema baseado em mérito e na capacitação dos candidatos, e que contenha o acesso ao país de pessoas com baixa qualificação para o mercado de trabalho:
“Se passarmos do atual sistema de imigração de pessoas com baixa capacitação e adotarmos um sistema baseado no mérito, teremos muitos benefícios: pouparemos dólares, elevaremos os salários e ajudaremos as famílias em dificuldades – incluindo famílias de imigrantes – a ingressar na classe média”.
Segundo o presidente, Canadá e Austrália adotam este sistema, que segue o princípio básico de que aqueles que queiram entrar no país tenham como se sustentar financeiramente.
Pouco antes de seu discurso, a imprensa americana divulgou que o presidente considera apresentar uma legislação que proporcione aos imigrantes uma rota para o status legal, mas isso não foi mencionado no Congresso.
Opinião do advogado
Para o advogado de imigração Ludo Gardini, o discurso de Trump representou um certo alívio para os imigrantes. “Confesso que quando o presidente tomou posse eu estava com medo e sem esperança de alguma reforma imigratória. Agora existe uma esperança renovada, sem dúvida nenhuma já é um começo. Ele deixou claro que não vai tolerar pessoas que queiram imigrar para os EUA e usar recursos do governo. Ele vai beneficiar imigrantes que se qualificam para trabalhar e beneficiar pessoas que estudaram e podem trazer benefícios para o país. Para as pessoas que estão aqui, que estão em dia e não custam dinheiro para o governo, essas pessoas podem ser beneficiadas por uma reforma imigratória”.