Por Marina Elliot, Real Estate Advisor na Compass em Miami Beach*
O desabamento do Champlain Towers South em Surfside (FL), em junho, vitimou 98 pessoas e deixou tantas outras desabrigadas. As torres foram construídas em 1981 e estavam se preparando para passar pela certificação de 40 anos: um processo que tem em vista fazer com que os edifícios mais antigos operem de acordo com os atuais códigos e regulamentos de construção da Flórida.
Desde o colapso, conversas sobre como avançar os processos de recertificação de edifícios com mais de 40/50 anos têm sido o tema de muitas discussões entre autoridades e líderes do condado de Miami-Dade e da cidade de Miami Beach.
Esses debates incluem inspeções frequentes feitas por engenheiros e arquitetos, que a princípio, são responsáveis por relatar quaisquer deficiências estruturais que constituam uma ameaça à segurança pública.
De acordo com a lei atual, se o valor das melhorias exceder 50% do valor do edifício, todo o prédio deve ser levado ao código atual, incluindo o cumprimento dos atuais FAR (relação da área do piso), altura e limites de recuo, etc. Em outras palavras, seria mais viáveldemolir o prédio. Esse alto custo, impede alguns proprietários de fazer as melhorias necessárias.
À medida que o escrutínio regulatório cresce, os custos de manter os condomínios no litoral aumenta, impactando significantemente o custo de vida no litoral, o que é preocupante.
O Sul da Flórida sempre foi um destino para aproveitar a aposentadoria para muitos americanos – esse crescimento no custo de vida são diferenças que muitos aposentados e outros com um orçamento fixo simplesmente não podem cobrir. Isso pode ser a tempestade perfeita para os empreendedores, criando uma situação que eles simplesmente não podem passar.
O sucesso do 57 Ocean, a única nova construção em frente à praia em mid-Beach, Miami Beach, mostra que há demanda (e dinheiro) para tais projetos (desde o colapso, a busca para prédios mais novos teve um aumento cerca de 30%).
A substituição de prédios mais antigos por torres de alto luxo gerara uma gentrificação inesperada com preços elevados, que apenas alguns podem pagar.
O Sul da Flórida já é um destino para milionários e bilionários em todo o mundo, considerando que os imóveis aqui são uma pechincha em comparação com outras áreas metropolitanas em todo o mundo.
Simplesmente não há comparação de propriedades entre Miami e resto do mundo. Vejam os preços dos imóveisem Tóquio, Hong Kong, Londres, Rio de Janeiro, a lista pode continuar.
Uma coisa é certa, o mercado imobiliário de Miami será definido como antes e depois do colapso do Chaplain Towers no mês passado. Não somente pelas regulações e inspeções, mas por a gentrificacao dos residentes. Podemos esperar uma Miami Beach bem diferente daqui a cinco anos.
*Marina Elliot pode ser contatada via marina.elliot@compass.com ou +1 305.501.4211