Histórico

Trabalho de brasileiro é destaque em estudo sobre comunicação dos saguis

Daniel Takahashi teve seu artigo publicado pela revista Current Biology e planeja continuar a pesquisa quando voltar ao Brasil

Joselina Reis

A ligação entre o homem e os macacos vai além das aparências físicas. A comunicação vocal também pode vir dos ancestrais que andam pendurados pelas árvores. Entre as várias espécies de macacos, o pesquisador brasileiro Daniel Takahashi escolheu o sagui, um macaco pequeno, mas de sociabilidade muito similar ao homem para estudar e assim poder encontrar a origem da comunicação entre os seres humanos. “Eu os escolhi porque vocalizam muito e apresentam uma tendência natural de cooperar entre si”, disse Daniel.

O trabalho do pesquisador virou notícia na revista Nature, uma das mais conceituadas no ramo científico nos Estados Unidos. O projeto “Evolution, development, and physiology of vocal communication in marmosets” é seu tema de pós-doutorado na Universidade de Princenton (NJ) e já consumiu três anos de trabalho e deve continuar por outros doze meses, quando ele e a esposa pretendem retornar para o Brasil.

A publicação do trabalho foi comemorada por Takahashi que garante ser este o primeiro passo para estabelecer o sagui como um modelo para o estudo de comunicação vocal e para entender melhor como essa capacidade surgiu no ser humano. “Estou muito contente com esse reconhecimento sobre a minha pesquisa”, disse.

 Daniel, que é médico e matemático formado pela Universidade de São Paulo (USP), lembra que escolheu o tema porque quis saber como a linguagem humana evoluiu. A primeira pergunta foi tentar entender como as pessoas conseguem fazer a troca de interlocutores na hora de manter uma conversa. “Queria saber se outros animais faziam a mesma coisa, se comunicar de forma cooperativa. Os saguis são muito sociáveis como os humanos e usam muito a vocalização na hora de se transmitir informação entre eles”, esclarece.

 Em um experimento durante o projeto, saguis foram colocados à parte (sem ver o intercolutor) e foi observado que eles ‘conversam’ sempre esperando que o outro termine o assunto primeiro. O que os torna muito diferentes de outros animais como os pássaros e sapos, que mantém uma vocalização menos coordenada e geralmente relacionada com acasalamento e  domínio territorial. “Isso ocorre porque os saguis conseguem colaborar durante a pesquisa”, resume Takahashi, lembrando que os saguis, como os humanos também podem a certo ponto durante o diálogo aumentar a intensidade da conversa.

 Takahashi veio estudar a comunicação vocal entre os primatas nos Estados Unidos com apoio de uma bolsa de estudos oferecida pela Pew Latin American Fellowship. Quando retornar ao Brasil, ele planeja continuar as pesquisas e com o resultado ajudar a melhor entender a evolução da comunicação vocal nos humanos.

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