Imigração

Texas oferece terreno para a construção de centros de deportação de imigrantes na fronteira

O terreno, localizado na cidade de Rio Grande, foi comprado pelas autoridades estaduais em 23 de outubro para a construção de um muro ao longo da fronteira com o México

As autoridades do estado do Texas ofereceram ao presidente eleito Donald Trump mais de 500 hectares de terra perto da fronteira com o México para a construção de centros de detenção de migrantes como parte de suas políticas de deportação em massa quando ele assumir o cargo em janeiro.

A Comissária de Terras do Texas, Dawn Buckingham, enviou uma carta ao magnata, datada do dia anterior, na qual afirma estar “totalmente preparada” para chegar a um acordo com o Departamento de Segurança Interna (DHS), Imigração e Fiscalização de Alfândega (ICE) ou com a Patrulha de Fronteira dos EUA (Border Patrol).

O terreno, localizado na cidade de Rio Grande, foi comprado pelas autoridades estaduais em 23 de outubro para a construção de um muro ao longo da fronteira com o México, embora o proprietário anterior tenha se recusado a permitir a construção, segundo informações da ABC News.

Cerca de onze milhões de pessoas estavam vivendo e trabalhando em situação irregular nos EUA antes de Joe Biden e Kamala Harris chegarem à Casa Branca. Mas esse número pode ter dobrado com as políticas do governo democrata.

As autoridades de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) registraram o encontro de um total de 10,825,387 imigrantes durante o governo Biden-Harris. Isso se soma a quase 2 milhões de migrantes sem documentos que conseguiram escapar das autoridades de imigração.

O plano de Trump de expulsá-los do país pode afetar até 20 milhões de famílias, de acordo com dados publicados pelo site de notícias Axios.

Emergência nacional

Trump compartilhou na segunda-feira (18) em sua conta Truth Social uma mensagem do líder do movimento conservador Judicial Watch, Tom Fitton, na qual ele menciona que declarará uma emergência nacional a fim de obter recursos militares para implementar sua promessa de deportações em massa.

O presidente eleito Donald Trump confirmou estar preparado para declarar uma emergência nacional e chamar as forças armadas como parte de um esforço de deportação em massa que seu governo deve lançar no primeiro dia, uma de suas principais promessas de campanha.

Trump estava respondendo a uma postagem no Truth Social do presidente da Judicial Watch, Tom Fitton, afirmando que Trump está “preparado para declarar uma emergência nacional e usará meios militares para reverter a invasão de Biden por meio de um programa de deportação em massa”.

O presidente eleito respondeu à mensagem com um “É verdade!”.

Trump criticou a administração democrata de Joe Biden e Kamala Harris pelas políticas de fronteira aberta e chamou de “invasão” a entrada de imigrantes sem visto pela fronteira mexicana.

Antecedentes criminais

O republicano afirmou que a deportação é necessária, com foco principal nas pessoas com antecedentes criminais. A questão da imigração foi uma pedra angular da campanha de Trump para 2024, e seus principais funcionários repetiram essa promessa desde que foi eleito este mês, devido à imigração sem presidente durante a administração democrata.

Ele também prometeu invocar a Lei de Inimigos Estrangeiros para expulsar membros de gangues, traficantes de drogas e membros de cartéis dos Estados Unidos, com a ajuda de várias agências governamentais, que conseguiram entrar no país devido às políticas flexíveis de Biden e Harris.

Outras opções incluem a Guarda Nacional, uma força militar sob o comando do governador de cada estado que pode ser convocada para proteger o país em caso de conflito ou desastre.

Em abril, Trump declarou que essa força “deveria ser capaz” de assumir o controle das deportações.

Deportações, nada de novo

A deportação de imigrantes não é novidade nos Estados Unidos. O governo do democrata Barack Obama foi o que mais expulsou imigrantes, com quase 3 milhões de deportações, mais de 40% delas sem antecedentes criminais, o que é considerado seu principal legado em termos de imigração.

De acordo com um relatório do Migration Policy Institute (MPI), com sede em Washington, o governo do democrata Biden realizou mais remoções de imigrantes sem documentos do que o primeiro mandato de Trump.

“Combinando deportações com remoções e outras ações para impedir a entrada de migrantes não autorizados nos Estados Unidos, as quase 4.4 milhões de repatriações do governo Biden já são mais do que qualquer mandato presidencial desde o governo do republicano George W. Bush”, que chegou a 5 milhões em seu segundo mandato, disse o instituto no final de junho.

O republicano planeja ir muito além e, embora os detalhes de seus planos sejam desconhecidos, ele já deu dicas.

Outras ações

Além da promessa de invocar a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, Trump planeja fechar a fronteira com o México, retomar a construção do muro da fronteira e contratar 10 mil agentes.

Ele tentará ressuscitar o programa Quédate en México, para que os imigrantes possam aguardar o resultado do processo de imigração do outro lado da fronteira, banir as cidades-santuário, que os protegem da deportação, e remover “todos os benefícios federais e de bem-estar”.

Trump quer acabar ou limitar outras vias legais de entrada, como o auxílio imigratório que lhes concede residência e permissão de trabalho (Status de Proteção Temporária, TPS) ou a capacidade de solicitar agendamentos por meio de um aplicativo de celular ou de procedimentos nos países pelos quais passam.

Trump já disse anteriormente estar disposto a deslocar tropas para a fronteira sul e usar a Marinha para impor um “bloqueio de fentanil” nas águas dos EUA.

Como resultado, grupos de direitos humanos estão preocupados com o destino dos mais de 11 milhões de imigrantes irregulares nos EUA.

Muitos economistas também alertaram sobre o custo exorbitante da deportação em massa e seu impacto na economia dos EUA, que já está sofrendo com a escassez de mão de obra.

Um estudo publicado em outubro pela ONG American Immigration Council avalia o custo total em $88 bilhões por ano, ou $967.9 bilhões ao longo de mais de uma década. No entanto, a nova administração, que assumirá o cargo em 20 de janeiro, é a favor da imigração legal.

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