Não há nada demais num debate sobre a possibilidade de impeachment para o governo Dilma. O impeachment é um recurso previsto na Constituição, está aí para ser usado e o papel da oposição é mesmo o de tentar todos os recursos possíveis e legalmente permitidos para retirar a situação do poder. Isso acontece em qualquer democracia do mundo e é tema recorrente no atual debate político americano, por exemplo, onde a oposição vive em busca permanente de alguma coisa que justifique um impeachment para Obama. De todo modo, em ambos os casos parece não haver fundamentos legais para o uso do recurso (isso é a Justiça quem decide), mas a oposição segue firme esquentando a hipótese.
O que é difícil de aceitar é a atitude incendiária de parte da imprensa brasileira, que parece ter descoberto um tipo de jornalismo engajado de choque, que lembra muito o jeitão de mídias americanas como a Fox News e os “pundits” conservadores do rádio, como Rush Limbaugh et caterva. Esse estilo de jornalismo, escolhido por razões nada nobres mas que fala em nome de conceitos como “ética” e “probidade”, contaminou de tal modo a opinião pública que um discurso monocórdio de “tudo menos o PT” permeia qualquer discussão política sem nenhuma reflexão sobre os motivos e implicações de um impeachment, por exemplo.
O bombardeamento da Petrobras pela imprensa, que, apesar de saqueada por todos os governos durante décadas, ainda é uma empresa sólida, parece uma tentativa de derrubar o governo pela via indireta, mesmo à custa de imenso prejuízo para a economia e para o povo. Os pedidos recorrentes de golpe militar e a louvação à eleição do retrógrado Eduardo Cunha à presidência da Câmara, só porque isso tenha representado uma derrota para o PT, são amostras claras da lavagem cerebral que a grande mídia tem promovido em boa parte da classe média brasileira, hipnotizada num transe de ódio, intolerante e intransigente.
Estranhos tempos.