Uma onda repentina de calor na costa da Flórida elevou as temperaturas da água a níveis sem precedentes, ameaçando a vida marinha. Segundo pesquisadores da National Oceanic and Atmospheric Administration, as temperaturas da superfície do mar no estado atingiram os níveis mais altos já registrados desde que os satélites começaram a coletar dados oceânicos. “Não esperávamos que esse aquecimento acontecesse tão cedo no ano e fosse tão extremo”, disse Derek Manzello, coordenador do Coral Reef Watch à CNN. “Isso parece não ter precedentes em nossos registros.”
As temperaturas excepcionais – perto de 97ºF em algumas áreas – são mais do que apenas outro recorde climático alarmante: calor extremo do oceano e sua duração são críticos para decidir a sobrevivência dos recifes de coral. Temperaturas muito altas por muito tempo causam o branqueamento dos corais, expelindo sua fonte de alimento, matando-os lentamente.
De acordo com Manzello, basta o aquecimento da superfície subir de 2 a 3 graus Fahrenheit para desencadear o estresse térmico que leva ao branqueamento fatal para os corais. “As temperaturas da superfície do mar ao redor da Flórida estão mais de 3ºF acima da faixa normal e estão assim há quase duas semanas”, disse o especialista.
Bóias na costa da Flórida mediram a temperatura da água perto de 97º F na segunda-feira (10) em Florida Keys. Os recifes de corais mais expansivos e ecologicamente vitais estão localizados a leste e ao sul de Florida Keys, mas as medições das bóias indicam o quão extremo o calor na Flórida tem sido incomum no início do verão.
As temperaturas oceânicas na Flórida geralmente ficam mais quentes à medida que o verão avança e não atingem seu pico até o final de agosto, o que significa que as temperaturas oceânicas podem subir ainda mais.
Um estudo da NOAA publicado no ano passado descobriu que a doença dos corais e o branqueamento provocados pelas mudanças climáticas já haviam erodido 70% dos recifes de corais da Flórida.
Impacto econômico
A Flórida está perdendo mais do que apenas o coral. Os recifes de coral geram bilhões de dólares para a economia da Flórida por meio de atividades como pesca e turismo, o que não seria possível sem os recifes para proteger as espécies que dependem deles.
“Apenas do ponto de vista ecológico, cerca de 25% das espécies marinhas dependem dos recifes de corais em algum momento de suas vidas”, disse Katey Lesneski, coordenador do Mission: Iconic Reefs. “Isso é tudo, desde os belos peixes que as pessoas gostam de ver até os grandes peixes de caça… esses peixes começam e dependem fortemente de outros componentes do recife em algum momento.”
A mais recente crise de corais da Flórida é apenas mais um sintoma da ameaça mais ampla da mudança climática, que pode acabar com todos os recifes de corais da Terra até 2100, segundo um estudo recente. “O aquecimento dos oceanos está piorando, os eventos de branqueamento estão ficando mais frequentes, então é realmente uma crise existencial para os recifes de corais como os conhecemos”, afirmou Manzello.
*com informações da CNN