da BBC Brasil
O técnico brasileiro Jorvan Vieira, que comandou a equipe de futebol do Iraque na conquista da Copa da Ásia, virou um “herói nacional” no país em guerra, afirma nesta segunda-feira uma reportagem do jornal italiano “La Repubblica”.
O diário comparou a vitória do Iraque contra a Arábia Saudita como “uma fábula dessas que apenas o esporte pode nos oferecer de tempos em tempos”.
“Por um dia, pelo menos, o país esqueceu o ódio e a violência, as diferenças étnicas, tribais e religiosas. Sentiu-se um”, disse o “La Repubblica”, fazendo referência à violência sectária que afeta o país.
“A história desse triunfo inesperado não pode ser contada sem Jorvan Vieira, o treinador, brasileiro, giramundo, poliglota, que em apenas cinco semanas foi capaz de fazer o milagre de transformar um punhado de honestos operários dos chutes em uma equipe.”
“Em Bagdá, onde nunca esteve, junto com Younis `Mahmoud`, o autor do gol histórico, e Noor Sabri, que fechou o gol, já se tornou um herói nacional”, disse o jornal.
No mundo
A vitória do Iraque recebeu a atenção de diversos jornais ao redor do mundo.
O sisudo diário econômico “The Wall Street Journal” dedicou ao episódio um editorial em que qualifica a vitória de “conto de fadas”.
O jornal destacou o trabalho de Vieira em unir um time “para além de suas diferenças políticas”.
“Para tudo o que lhes faltava, os iraquianos detinham um ativo intangível, mas poderoso em relação aos seus rivais: um país pelo qual lutar”, diz o editorial.
“Talvez a vitória dê aos iraquianos um sabor do que eles podem conquistar juntos.”
Sob o título “Uma fagulha de esperança em meio à divisão e o desespero”, o britânico “Independent” também dedicou à final da Copa da Ásia um de seus editoriais.
“A vitória da equipe nacional de futebol do Iraque é um desses eventos extraordinários e inspiradores que desafiam todos os senões históricos e esportivos”, disse o “Independent”.
Já o britânico “The Daily Telegraph” chamou o técnico brasileiro de “operador de milagres”.
Mas o diário ressaltou que Vieira deixa o time do país “por causa da desorganização crônica do futebol iraquiano, que, segundo ele, tornou este trabalho o mais difícil de sua carreira”.