As compras no supermercado podem pesar ainda mais no bolso dos consumidores nas próximas semanas. A decisão do presidente Donald Trump de aplicar tarifas de 10% sobre produtos importados de todos os países deve provocar um efeito cascata nos preços dos alimentos, segundo alertam redes de supermercados, analistas da indústria e especialistas em economia.
Segundo estimativas do Budget Lab da Universidade de Yale, o aumento médio nos preços dos alimentos deve chegar a 2,8%, com produtos frescos registrando alta de até 4%. Itens como frutos do mar, frutas, café, queijos, nozes, barras de chocolate e produtos com embalagens de plástico ou alumínio importados devem ser os primeiros a terem reajuste.
Segundo John Ross, CEO da IGA, rede que reúne mercados independentes nos Estados Unidos, os consumidores começarão a perceber aumentos já nas próximas semanas, com um impacto mais amplo em até 90 dias.
O impacto das tarifas será ainda mais visível em pequenos mercados e distribuidores, que possuem menos margem de manobra para absorver custos extras em comparação com grandes cadeias como Walmart e Costco.
Em Amarillo, Texas, a Affiliated Foods, distribuidora que atende cerca de 700 mercados independentes em oito estados, já foi notificada por alguns fornecedores sobre aumentos de preços em itens como bananas, atum enlatado e utensílios plásticos. No caso das bananas importadas da Guatemala, o acréscimo será de 4 centavos por caixa — de US$ 1,80 para US$ 1,84 — valor que deverá ser repassado diretamente aos clientes.
Grande parte dos alimentos consumidos pelos americanos depende da produção internacional. Dados do Departamento de Agricultura apontam que o país importa 80% dos frutos do mar e do café, 59% das frutas frescas e 35% dos vegetais. Com as tarifas, os itens que não podem ser cultivados localmente devem ser os mais impactados.
Desde 2021, os preços nos supermercados subiram cerca de 23%, e com os preços em alta os consumidores vem mudando seus hábitos de consumo. A PepsiCo, dona da Frito-Lay, afirmou no mês passado que as vendas de snacks caíram 3% no último trimestre.
A empresa de pesquisas Circana divulgou que itens essenciais como detergentes, papel toalha e cosméticos também registraram retração de consumo. Além disso, mais consumidores estão fazendo compras menores e mais rápidas, e optando por comprar produtos de marcas próprias, que costumam ser mais baratas.