Retratos feitos por Eric Perna prometem ser a grande sensação do festival que deve atrair mais de 50 mil pessoas em Miami
Joselina Reis
Talento de Eric foi descoberto recentemente em Delray Beach pelo agente Jeff Mustard
Ele tem todo o ar despojado de um hippie e seu talento para a pintura tem chamado a atenção de colecionadores. O brasiliense Eric Perna, de 37 anos, pinta quando a inspiração chega e o resultado tem sido uma coleção de quadros que chama atenção de qualquer pessoa que entra no seu bar – Beat Cup Café – em Delray Beach ou no seu salão de beleza – Resta Salon. A diversidade, aliás, tem sido a marca desse artista que ainda tem uma banda de música, gosta de fazer marionetes, arranja tempo para trabalho voluntário, serigrafia e viajar.
“Eu gosto da pluralidade e não quero crescer”, adverte Eric ao seu agente Jeff Mustard, que descobriu o talento do brasileiro há pouco mais de um mês e planeja a primeira grande exibição dele durante a programação do Art Basel/2013 em Miami. De 5 a 8 de dezembro a cidade reúne artistas do mundo inteiro, turistas e principalmente colecionadores em uma única região. Aliás, algumas de suas obras já estão expostas na galeria Artopia em Miami (1753 NE 2nd Ave, Miami, FL 33132).
A paixão pelo trabalho do brasiliense foi tanta que o americano espera encontrar outros artistas brasileiros e expor seus trabalhos em um único website www.floridaartbrokers.com. “Eu sou fã da arte sul-americana, e principalmente dos brasileiros. Eric tem sido minha inspiração”, argumenta Mustard.
Eric e a esposa Carolina gostam da simplicidade e principalmente da palavra ‘dividir’. “Minha filosofia é de que qualquer pessoa pode fazer algo grandioso. Basta um gesto. Por isso, gosto de dividir o conhecimento”, diz ele que já ensinou arte gratuitamente a adolescentes infratores e agora prepara oficinas, também gratuitas, para crianças da região de Delray Beach.
Arte
Eric se mudou para os Estados Unidos aos 17 anos. A veia artística veio do pai, escultor em Brasília. Mas Eric percebeu que gosta mesmo é de fazer várias e diversas coisas ao mesmo tempo, por isso sabe cortar cabelo, gerenciar o bar, pintar, tocar na sua banda – Hello Elevator – e arranjar tempo para ensinar outros artistas. “Eu acho que todo mundo tem um talento, só precisa de um empurrãozinho”, acredita.
O seu empurrão veio de uma amiga que deu uma tela de presente. O resultado agradou e ele começou a pendurar na parede, mas as telas não ficaram lá por muito tempo. Antes da crise econômica americana, suas paredes tinham obras novas com regularidades e ele vendia até 18 quadros por semana. “Depois as coisas mudaram e eu resolvi parar, nunca fiz meus quadros para ganhar dinheiro e por isso comecei a dar espaço para outros artistas”, lembra.
Agora, pela primeira vez com um agente ao seu lado, Eric vai chegar ao Art Basel/2013 como grande promessa da arte moderna expressionista. “Não quero criar expectativas. Só quero mostrar meus quadros, deixar o público sentir o que eu quero passar”, salienta sempre muito calmo.
Seu agente Jeff Mustard acredita que a marca registrada de Eric será as figuras humanas. “Os rostos que ele pinta têm vida. É incrível”, garante o empresário que começou um inventário das obras de Eric. “Cada tela é única, não tem cópia”, lembra ele que planeja vender todo o estoque durante a Art Basel começando as peças no valor de $2500 até $8500.
Seu material favorito é a madeira. “Quando eu pego uma canvas eu fico horas olhando para ver se sai alguma coisa dali. Mas a madeira tem vida própria, eu gosto daquelas com imperfeições. Eu sinto que estou apenas preenchendo as lacunas que a madeira já proporciona como arte natural”, conta ele que fez de um pedaço de compensado com vários ‘defeitos’ uma de suas mais belas obras.