Um homem sul-coreano de 41 anos, adotado por uma casal americano aos três anos e que vive desde então nos Estados Unidos está prestes a ser deportado, informou uma reportagem da Associated Press.
“É de cortar o coração”, disse Dae Joong, diretor-executivo do National Korean American Service & Education Consortium, à AP, que auxilia Adam Crapser, que não possui qualquer contato ou conexão com o país onde nasceu e está preso em um centro de detenção imigratória em Tacoma, Washington.
A situação de Crapser é semelhante a muitas outras. O grupo que Joong lidera estima que haja cerca de 35 mil pessoas adotadas nos EUA que não possuem cidadania americana. Adam Crapser diz que a Coreia do Sul é um país “completamente estranho” para ele.
Sete anos depois que ele e a irmã foram adotados a família os abandonou antes de completar seus papeis imigratórios. Os dois passaram em seguida por diversos ‘foster care’, um tipo de abrigo temporário que algumas famílias oferecem para crianças abandonadas.
Quando completou doze anos, Crapser mudou-se para a casa de Thomas e Dolly Crapser, onde dividia espaço com o filho biológico do casal, duas outras crianças adotadas e várias outras em ‘foster care’, diz a reportagem da AP.
Crapser sofre abusos lá e em 1991 o casal foi preso acusado de violência infantil, abuso sexual e estupro. Eles negaram as acusações, mas Thomas Crapser foi condenado a 90 dias de cadeia e Dolly Crapser a três anos de condicional.
Adam começou a ter problemas com a lei quando arrombou a casa de seus pais adotivos para recuperar sua Bíblia Coreana e um par de sapatos, disse ele à AP. Meses depois, teve mais problemas por roubo de carros e a um colega de quarto.
Os agentes federais de imigração disseram que souberam dos casos quando ele requereu um green card. Os crimes que cometeu fazem com que ele esteja sujeito à deportação.
A também sul-coreana Becky Belcore, que foi adotada quando tinha um ano, estava na sala da corte que julgou o caso de Crapser, na própria casa de detenção. Ela disse que o centro parece pior que a cadeia, porque os visitantes não podem tocar ou abraçar os detentos.
“Ele está preso há quase nove meses”, disse ela por telefone à AP. “Está separado dos filhos. Tem sido muito difícil para ele”. Belcore disse que Crapser vestia um uniforme de detento na corte.
A advogada de Crapser, Lori Walls, disse em e-mail à AP que seu cliente qualifica-se para um instrumento de suspensão chamado “cancelamento de remoção”, mas o juiz foi taxativo no veredicto pela deportação.
“Ele vai ser deportado assim que o ICE (Immigration and Customs Enforcement) cumpra as formalidades”, disse a advogada. “Adam e sua família estão desolados com a notícia”. Crapser é casado e tem quatro filhas, de um e cinco anos de idade.