A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) considera contraproducente e prejudicial para a sociedade fechar escolas neste momento no Brasil em razão da epidemia do novo coronavírus, que costuma provocar febre e sintomas respiratórios. Isso porque muitas crianças acabarão ficando sob os cuidados dos avós. E é justamente entre os idosos que a letalidade do vírus é maior. Na noite de quarta-feira, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, editou um decreto suspendendo, por cinco dias, aulas nas redes pública e privada, assim como eventos com público superior a 100 pessoas.
Para a SBI, o fechamento de escolas é uma medida a ser considerada apenas nas cidades onde há transmissão sustentada ou comunitária, quando não é mais possível rastrear a cadeia de transmissão, ou seja, dizer quem transmitiu o vírus para quem, e desde que haja pelo menos 1.000 casos. De acordo com a entidade, isso pode ocorrer “em poucos dias ou poucas semanas”. Para a SBI, as cidades brasileiras com mais probabilidade de ter tal cenário são São Paulo e Rio de Janeiro, por serem as mais populosas e receberem muitos viajantes.
Brasília tem até o momento dois casos confirmados, sem transmissão comunitária. Antes de chegar ao ponto de transmissão sustentada, há outras duas fases: quando há apenas casos importados, isto é, contraídos no exterior; e quando há transmissão local, em que é possível identificar quem passou o vírus para quem.
“Neste momento da epidemia no Brasil não está recomendado fechar escolas ou faculdades ou escritórios. O fechamento de escolas pode levar a várias famílias a terem que deixar seus filhos com seus avós, pois seus pais trabalham. Nas crianças, a COVID-19 tem se apresentado de forma leve e a letalidade é próximo a zero; já no idoso, a letalidade aumenta muito. No idoso com mais de 80 anos e comorbidades, a letalidade é em torno de 15%. Portanto o fechamento de escolas em cidades em que os casos são importados ou a transmissão é local pode ser prejudicial para sociedade!”, diz trecho do informe da SBI divulgado nesta quinta-feira.
Medidas mais drásticas devem ser consideradas apenas em locais em que a transmissão comunitária “continue a evoluir, geralmente passando de 1.000 casos”. A SBI cita como exemplos: fechamento das escolas, faculdades e universidades, interrupção de eventos coletivos, como jogos de futebol e cultos religiosos, e fechamento de bares e boates. (Com informações do Globo)