“Vocês não estão sós”, disse Crystal Miller (foto), que hoje trabalha com prevenção à violência nas escolas
Os massacres de Columbine e Realengo mantêm, entre eles, algumas semelhanças: atiradores entraram num local com os quais tinham familiaridade, dispararam tiros aleatoriamente com o único intuito de matar e deixaram cartas confusas com justificativas para a matança.
Agora, as duas tragédias ocorridas nos Estados Unidos e no Brasil, com 12 anos de diferença, têm outro ponto de conexão” Crystal Miller, uma das sobreviventes da matança em Colorado, mandou uma mensagem para os adolescentes da Escola Municipal Tasso da Silveira. “Vocês não estão sós. Há pessoas que estão rezando por vocês e que os acompanham por todo o mundo”, disse ela.
Crystal tinha 16 anos quando dois alunos do Instituto Columbine, Eric Harris e Dylan Klebold, entraram na instituição disparando os tiros que mataram 13 alunos e professores. Ela só sobreviveu porque conseguiu se proteger debaixo de uma mesa na biblioteca, ao lado do corpo de uma amiga morta. Desnecessário dizer que os anos seguintes ao ataque foram de medo e depressão. “Eu me sentia como um zumbi, pois era muito jovem para entender tudo o que havia acontecido”, descreve Crystal, que escreveu o livro ‘Marked for Life’ (Marcada para a Vida), onde conta sua experiência como uma das sobreviventes de um dos capítulos mais tristes da história dos Estados Unidos.
Hoje ela percorre escolas americanas como parte de um programa de prevenção à violência. “É incrível como aqueles sete minutos mudaram para sempre a minha vida e de todas aquelas pessoas que estavam em Columbine na manhã de 20 de abril de 1999”, recorda Crystal, em um comentário que certamente serve de referência para todos os envolvidos na tragédia de Realengo. Nas suas palestras, ela enfatiza aos estudantes que estejam atentos a qualquer manifestação diferente dos colegas. “As ameaças e sinais devem ser levados a sério. Isso pode salvar vidas”, destaca, lembrando que os próprios alunos são fundamentais nesse processo de acabar com a violência nas escolas.
O massacre no Rio de Janeiro aconteceu no dia 7 de abril, quando o ex-aluno Wellingotn Menezes de Oliveira invadiu duas salas da oitava série e disparou mais de 60 tiros, matando 12 crianças e se suicidando depois da chegada da polícia. Dois feridos ainda estão em estado grave nos hospitais de Realengo e a tragédia representa a maior matança em uma escola na história brasileira.