A Marinha brasileira afundou, na sexta-feira (4), o porta-aviões São Paulo, o maior que o país já teve, após cinco meses de estudos e tentativas de vendas. O veículo foi naufragado a 350 quilômetros da costa brasileira, a 5 mil metros de profundidade, e conta com grande arsenal de materiais tóxicos. A ação causou repercussão entre ambientalistas e imprensa internacional, que alertaram sobre os riscos ambientais de proporção global.
“A sucata da embarcação atualmente conta com 9,6 toneladas de amianto, substância com potencial tóxico e cancerígeno, além de 644 toneladas de tintas e outros materiais perigosos”, afirmou esta semana o Ministério Público Federal, que tentou evitar o afundamento com múltiplos recursos judiciais.
Batizado como Navio Aeródromo São Paulo (A12), o porta-aviões foi construído na França, entre 1957 e 1960, com grandes dimensões: são 266 metros de comprimento, e um peso de 32,8 mil toneladas. No seu país de origem, transportou tripulantes franceses em frentes de combate na África, Oriente Médio e na Europa. Em 2000, o porta-aviões foi adquirido pelo governo brasileiro e serviu à Marinha até 2014.
O São Paulo foi oficialmente aposentado em 2018 e arrematado em leilão pelo estaleiro turco SÖK por R$ 10,5 milhões. Mas ambientalistas da Turquia se manifestaram contra a compra e pediram que o navio ficasse bem longe do país, alegando ser lixo tóxico. Os protestos deram certo e o casco do porta-aviões São Paulo foi impedido judicialmente de atracar no país.
O The New York Times abordou a demora para encontrar uma solução para o porta-aviões e lembrou que o material tóxico do navio poderá “perturbar os ecossistemas, matar animais e plantas e envenenar as cadeias alimentares marinhas”.
Ativistas do Greenpeace foram ouvidos pelo The Guardian, do Reino Unido, que acusaram o governo brasileiro de ter violado tratados internacionais. O veículo citou as promessas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em preservar o meio ambiente e lembrou que a promessa será quebrada com pouco mais de um mês de gestão.
O espanhol El País criticou as idas e vindas do porta-aviões que se tornou um pesadelo para a Marinha e criticou a quantidade de materiais tóxicos que foram afundados juntos ao navio. “O maior navio da frota brasileira era pura sucata. Uma bomba ambiental com toneladas de amianto e outros componentes tóxicos”, destacou o jornal.