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Sites de notícias falsas estão na mira do Google e do Facebook

Anúncios veiculados em sites de conteúdo duvidoso motivaram decisão de gigantes da tecnologia

Da Redação com El País –  A veiculação de notícias falsas no Facebook pode ter influenciado na derrota de Hillary Clinton para Donald Trump nas eleições presidenciais americanas. O Facebook foi acusado, por exemplo, de ter difundido a informação falsa de que o Papa Francisco havia dado seu apoio ao candidato Republicano. Na sexta-feira (11), durante uma conferência transmitida via Facebook Live, o próprio Mark Zuckerberg justificou seu papel durante a campanha: “De tudo o que as pessoas publicam no Facebook, 99% é autêntico. Somente uma pequena quantidade de notícias são falsas ou um engano”, escreveu o criador da rede social no sábado. Pensar que “tenham influído nas eleições de todo modo é uma ideia muito louca. Os eleitores tomam decisões baseando-se nas experiências que vivem”.

“Não queremos mais notícias falsas no Facebook, nossa meta é que tudo tenha sentido. E entre nossas responsabilidades está evitar que as notícias falsas sejam difundidas. Isso me importa muito, mas nos custa identificar ‘a verdade’. Enquanto algumas histórias falsas podem ser desmascaradas facilmente, outras nem tanto. Sobretudo quando alguém não está de acordo com um argumento e o tacha de falso, embora os fatos não o sejam. E vice-versa”, complementou.

Para evitar esse tipo de acusação, Google e Facebook declararam guerra aos sites de Internet que difundem notícias falsas, que o buscador e a rede social vão impedir que se beneficiem de seus serviços de publicidade. Os autores de notícias falsas tinham a opção de “impulsionar o post” e, dessa forma, difundir a informação falsa.

As notícias falsas, portanto, continuarão aparecendo nas buscas e poderão ser compartilhadas, mas não poderão obter anúncios por intermédio dos gigantes da tecnologia. Nenhuma das duas empresas especificou como identificará os sites mentirosos contra o quais aplicará estas medidas.

O primeiro passo foi dado na segunda-feira pelo Google ao anunciar que impedirá o uso de seu serviço online de publicidade (AdSense) pelos sites que propagam notícias falsas, segundo antecipou The New York Times. Horas depois, o Facebook anunciava que não mostrará anúncios em sites que incluam conteúdos enganosos. Isso levará a mudanças em sua ferramenta Audience Network, um autosserviço de publicidade online que aceita ou rejeita a promoção de links em poucos minutos. Daqui por diante vai identificar melhor os sites de conteúdo ilegal, uma lista à qual serão acrescidas as páginas de fake news e os sistemas hoax (mensagens falsas em rede que são reproduzidas em fóruns, redes e mensagem eletrônica).

“Atualizamos nossa política para deixar claro que também [o sistema de veto] vai ser aplicado às notícias falsas”, disse um porta-voz do Facebook em um comunicado. “Nossa equipe continuará vigiando de perto os possíveis novos sites de falsidades e monitorando os existentes para garantir o cumprimento” da nova normativa da rede social.

“A partir de agora, vamos restringir a publicação de anúncios em páginas cujo objetivo principal do editor e o do proprietário do site seja tergiversar ou difundir informação falsa”, disse o Google em uma nota. O AdSense, sua principal fonte de receita, utiliza uma combinação de decisões humanas e ferramentas informáticas para decidir quais conteúdos ou sites inclui no conjunto de páginas maliciosas, ilegais ou mentirosas. Para o Google e o Facebook, as receitas de publicidade são a principal fonte de lucro, o que lhes permite experimentar e criar outros tipos de serviço, como a realidade virtual ou os drones que levam conexão de Internet grátis aos lugares mais remotos do planeta. Se a plataforma de publicidade fracassa, por diminuição do dinheiro que entra ou perda de confiança em sua forma de promover os links, seu ciclo de inovação e expansão seria claramente afetado.

Boatos sobre Hillary

Durante a campanha eleitoral, o site BuzzFeed mostrou como na Macedônia estavam criando sites com a única finalidade de difundir notícias falsas sobre Hillary Clinton, que depois eram compartilhadas maciçamente, o que permitia a esses mesmos sites receber dinheiro por intermédio da publicidade que o AdSense do Google lhes repassava. Foi o Buzzfeed, um site de notícias centrado em jovens, que revelou a existência de um grupo de funcionários do Facebook crítico da atuação durante a campanha. Um dos problemas internos tem a ver com a equipe de gestão de notícias. Embora o Facebook enfatize que não é uma mídia, conta de fato com jornalistas. Em meados do ano demitiu grande parte da equipe que escolhia os temas candentes para deixar essa função em mãos de um algoritmo. O resultado foi, precisamente, a exposição maciça de histórias tanto falsas como truculentas, em lugar destacado da página de capa de cada perfil.

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