Único brasileiro a concorrer nas eleições de 2020 no Sul da Flórida, o mineiro Silmo Moura perdeu as primárias do Partido Republicano para Saulis Banionis, que irá disputar em novembro a vaga na Câmara de Representantes com a democrata Kelly Skidmore.
Silmo Moura estava concorrendo pelo distrito 81 que envolve a região de West Boca.
O brasileiro recebeu cerca de 39% dos votos, contra 61% do seu adversário. Segundo ele, a vitória do concorrente se deu por um motivo: a pandemia de Covid-19.
“A pauta da Covid-19 foi muito forte durante toda a campanha, e meu oponente é médico com muita experiência sobre o assunto. Além disso ele é um ex-veterano, o que conta muito também. Se não fosse isso, eu iria ganhar” disse ao AcheiUSA.
“Meu carro-chefe foi educação, sempre foi educação e small business, mas a Covid venceu os dois” completou.
Do total de votos recebidos, Silmo estima que cerca de 20 a 30% vieram dos conterrâneos, de modo especial da comunidade evangélica à qual ele faz parte.
Entretanto, ele considera que as lideranças religiosas precisam ser mais atuantes junto à comunidade brasileira na Flórida, no que diz respeito às pautas político-eleitorais. “Eu recomendo aos pastores levarem seus candidatos nas igrejas, eu estou pronto para falar comas igrejas. A mídia também tem que fazer a sua parte, tem que incentivar” critica.
Comunidade sem representantes
Segundo a pesquisa CityData de 2018, a Flórida é o estado americano com maior concentração de imigrantes nascidos no Brasil. Apenas na região Sul do estado a quantidade de brasileiros é quase 350 mil.
Mas apesar de ter força suficiente para eleger um senador, conforme explicou Silmo, a comunidade não tem um representante no Legislativo.
“Todos os grupos com os quais eu trabalhei: haitianos, hispânicos, russos, eles têm um representante. Os brasileiros, não. Nós estamos em todas as áreas: médicos, advogados, empresários… Mas não há uma pessoa no poder para escrever e aprovar leis. É preciso ter alguém, seja de qual partido for”, observou.
Para o pré-candidato, o fato de o voto ser facultativo nos EUA faz com que algumas pessoas não deem a prioridade necessária ao poder do voto.
“Eu conversei com uma pessoa que mora aqui há 25 anos e ela nunca votou. Meu voto não vai fazer diferença, eles dizem. Ainda assim eu consegui registrar cerca de 80 eleitores brasileiros”, finaliza
O próximo passo para o político será trabalhar junto ao partido Republicano estadual para garantir a reeleição de Donald Trump, que aparece em segundo na preferência de voto dos floridianos.