Sérgio Moro, o ex-juiz que comandou a Operação Lava-Jato e que tornou-se ministro da Justiça do governo Bolsonaro, deixou hoje o cargo, um dia depois do presidente exonerar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, apontado por Moro.
O juiz ficou apenas um ano e quatro meses no governo. Apesar de ter recebido carta branca do governo Bolsonaro para combater o crime e a corrupção, o presidente, entretanto, interferiu várias vezes na atuação do agora ex-ministro e deixou claro que tinha poder de veto nas medidas e e era ele quem liderava as ações.
No seu discurso de demissão, Moro ressaltou que a interferência do governo nas atividades de investigação da Polícia Federal sempre foi uma preocupação. O ex-ministro disse ainda que precisava “preservar sua biografia” e que nem no governo do PT houve interferência do Planalto nas investigações da PF.
O governo Bolsonaro começou a articular a demissão do diretor da PF depois que foi iniciada uma investigação pelo órgão sobre quem financiou a manifestação de domingo (19), que pedia o fim da democracia e um retorno à ditadura militar. A operação também envolvia uma investigação sobre disseminação de fake news (notícias falsas) por grupos organizados.
“O presidente queria uma pessoa que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações de inteligência, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar essas informações”, disse Moro. “O presidente também informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal e que a troca seria oportuna nesse sentido. Também não é uma razão que justifique, pelo contrário até gera preocupação”.
Moro anunciou a demissão em pronunciamento à imprensa na manhã desta sexta-feira (24).
O Palácio do Planalto não divulgou a razão para a exoneração de Valeixo, pivô da demissão de Moro.