Quando se fala em amistosos da Seleção Brasileira de Futebol Masculino normalmente o que se ouve são comentários jocosos, depreciativos e extremamente críticos. Ou então há aquele suposto desconhecimento que provoca bocejos e indiferença.
A moda agora é pedir a saída do técnico Tite do comando da Seleção Brasileira. Afinal, ninguém aguenta mais aquela pregação futebolística na novilíngua criada por Adenor Bacchi: o “titês”. Mas, será que esta seria solução?
Excetuando-se os críticos recalcitrantes, cabe aos demais analisar os números antes de se chegar a alguma conclusão.
Em 2016, Tite assumiu a Seleção Brasileira, que fazia uma Eliminatória sem nenhum lustro, e obteve 100% de aproveitamento. Este ano ele encerra sua participação com 62,5% de aproveitamento. No geral, os números são bastante favoráveis:
Jogos 48
Vitórias 34
Derrotas 4
Empates 10
Ou seja, a Seleção Brasileira sofreu apenas quatro derrotas em três anos de trabalho: 2 vezes para Argentina, 1 vez para o Peru e 1 vez para a Bélgica, a mais dolorosa delas, porque esta nos custou a eliminação da Copa da Rússia nas quartas de final. As outras foram em amistosos, portanto, com pouco impacto sobre seu trabalho.
Os críticos, porém, afirmam que o futebol apresentado pela Seleção Brasileira não empolga, é burocrático e coisa e tal. A tal ponto que até mesmo Galvão Bueno – a voz tonitruante da Globo que tem como missão transmitir emoção e contagiar os torcedores brasileiros – ter sugerido que “algo precisa ser feito: ou Tite muda a Seleção Brasileira ou Tite tem de sair”.
Esse comentário dramático foi proferido na derrota para a Argentina em Riad, na Arábia Saudita. Ou seja, a série de seis amistosos pós-Copa América tirou a boa vontade dos torcedores para com a Seleção Brasileira. Foram três empates (Colômbia, Senegal e Nigéria), duas derrotas (Peru e Argentina) e uma vitória (sobre a Coreia do Sul, no último amistoso do ano, por 3 a 0), em Abu Dhabi.
Aliás, a distância que separa a Seleção Brasileira dos torcedores é também geográfica. Explica-se. Quando os então presidentes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) Ricardo Teixeira e da AFA (Associação de Futebol da Argentina) Julio Grondona concordaram em assinar um contrato com xeques árabes para tornar suas seleções em globetrotters por todo o planeta, eles afastaram os craques de suas seleções de suas torcidas. Os torcedores reclamam, porém, os inescrupulosos dirigentes provavelmente colocaram nos bolsos gordas comissões. Hoje, ambos não estão mais à frente de suas confederações: Teixeira é acusado de corrupção e não sai mais do Brasil com medo de ser preso e Grondona, já falecido, também estava sendo procurado pela polícia internacional. Claro que os promotores exigiam a presença dos principais astros nos amistosos. Portanto, ver Lionel Messi e Neymar jogando na China, em Cingapura, nos EUA e no Oriente Médio fazia parte do contrato que se encerrará apenas em 2022.
Esse é também mais um problema para Tite administrar. Outro bem espinhoso é o calendário da CBF, que não se harmoniza com o restante do calendário do futebol mundial, cujas temporadas começam em final de agosto e terminam no início de junho. “Ora, somos um país tropical, temos de ter férias no verão”, dizem os brasileiros. Será mesmo que esta é a melhor saída? Esta incompatibilidade de calendários provoca choques e Tite (assim como seus antecessores) fica no meio de uma guerra entre CBF e clubes brasileiros cujo perdedor é somente o técnico da Seleção Brasileira.
Quando sai a lista dos convocados, não é raro ouvir muxoxos e críticas de jornalistas e torcedores. “Por que Fulano e não Sicrano?”, “Ele só convocou Beltrano porque a patrocinadora mandou”? Ou, ainda, “São os empresários que mandam na Seleção Brasileira”.
Se os convocados pertencem aos clubes estrangeiros, tome críticas. “Só valorizam aqueles que jogam fora. Será que Fulano do Shaktar Donetsk é melhor do que Beltrano do Flamengo”? Caso ele privilegie os jogadores que atuam no futebol brasileiro, há uma espécie de rebelião dos clubes brasileiros e revolta dos torcedores: “Como ele vai tirar nossos craques às vésperas de uma decisão de campeonato”! Há também os nacionalistas que propugnam por uma Seleção Brasileira genuinamente nacional: “Só deveriam ser convocados jogadores que atuam em clubes brasileiros”, exclamam exaltados. Será mesmo uma boa solução? Ora, os que se destacam na Seleção Brasileira logo são contratados por clubes de outros países. Assim, eles acabam engrossando a lista dos “não selecionáveis”. Obviamente, o nível técnico vai caindo até provocar a ira dos torcedores, inconformados diante da péssima apresentação da Seleção Brasileira.
O drama vivido por Tite é replicado pelos técnicos das categorias menores, impedidos de convocar os melhores. O Flamengo se negou a liberar o jovem atacante Reinier para a Seleção Brasileira Sub 17, que disputou a Copa do Mundo da categoria no próprio Brasil.
Uma coisa é certa. Apesar do alto salário e do status, não invejo o cargo de Tite. É preciso ser bastante zen para suportar esta enorme carga sobre os ombros. E no ano que vem o torcedor brasileiro tem de estar preparado. Afinal, teremos o início das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar 2022 a partir de março, Jogos Olímpicos de Verão em Tóquio e, claro, as numerosas competições nacionais e internacionais.
Nação dá show em embarque do Flamengo
Ao mesmo tempo que não há como não se encantar com o carinho dos torcedores flamenguistas para com seus ídolos, que parecem ir a Lima apenas cumprir uma missão: derrotar o River Plate e levantar a taça da Copa Libertadores da América pela segunda vez em sua história, não se pode deixar de criticar a irresponsabilidade das autoridades do Rio de Janeiro em permitir que os torcedores chegassem até o Aeroporto Internacional do Galeão.
Eu estava em São Paulo quando o Corinthians conquistou o Mundial de Clubes ao derrotar o Chelsea da Inglaterra, campeão da Champions League. A loucura que tomou conta da Fiel Torcida também provocou um frenesi que paralisou o Aeroporto Internacional de Guarulhos e provocou medo e irritação nos passageiros.
Ora, a paixão por um time não pode comprometer os acessos a áreas de segurança nacional como são os aeroportos. Espero que o Flamengo volte trazendo a taça na bagagem, porém, que o esquema de segurança seja melhor montado para evitar alguma tragédia.
Aliás, o Flamengo pode conquistar dois títulos no próximo final de semana. Se vencer o River Plate de Buenos Aires (atual campeão do torneio), conquista a Copa Libertadores da América. No domingo, o Palmeiras (atual campeão nacional) precisa vencer o Grêmio, pois, caso contrário, o Rubro-negro carioca conquista o título do Campeonato Brasileiro sem precisar sequer entrar em campo.
Seleção Brasileira Sub 17 é campeã
O cenário não poderia ser melhor. O Brasil, famoso pela prática do futebol, era sede da Copa do Mundo Sub 17, torneio que a Seleção Brasileira havia conquistador por três vezes e não soltava o grito de campeão há 16 anos. Ou seja, a maioria dos atuais atletas usava chupeta e fraldas quando levantamos a taça nesta categoria em 2003.
Como dito acima, os problemas começaram o Flamengo se negando a liberar Reinier. O Vasco da Gama também ameaçou impedir a ida de Talles Magno, porém, prevaleceu o desejo do jogador. Apesar da boa vontade do craque vascaíno, principal estrela da equipe, a sorte lhe foi madrasta e ele sofreu uma lesão que o afastou dos campos nesta temporada.
A campanha da Seleção Brasileira Sub 17 foi impecável. Estreou na Fase de Grupos com uma goleada de 4 a 1 sobre o Canadá. Na partida seguinte, outra vitória tranquila: 3 a 0 sobre a Nova Zelândia. No último jogo desta fase, 2 a 0 sobre Angola.
Como equipe de melhor campanha, coube ao Brasil enfrentar o Chile nas oitavas de final. Todos esperavam uma vitória fácil, no entanto, o jogo foi bastante disputado e a Seleção Brasileira venceu por 3 a 2. Nas quartas de final, o adversário foi a Itália e o Brasil ganhou por 2 a 0. O adversário na semifinal foi a temível França (apontada por muitos como a melhor seleção da competição), que fez 2 a 0 sobre o Brasil no primeiro tempo. Na segunda etapa, uma atuação heroica dos meninos brasileiros foi coroada com a vitória de 3 a 2 (gols de Kaio Jorge, Veron e Lázaro).
A final foi contra o México. A Seleção Brasileira jogou um bom primeiro tempo, mas, não conseguiu marcar. Na etapa final, os mexicanos abriram o placar e calaram a torcida que estava no Bezerrão, na cidade de Gama, cercanias de Brasília. Um pênalti do zagueiro mexicano sobre Veron – bastante contestado pelos jogadores mexicanos – permitiu a Kaio Jorge converter a penalidade e empatar a partida. O título veio no final da partida com uma boa jogada de Yan Couto que culminou com um voleio espetacular de Lázaro.
Além do título, alguns jogadores brasileiros se destacaram: Kaio Jorge ganhou a Chuteira de Bronze por ter sido o terceiro maior artilheiro do torneio; Matheus Donelli recebeu o troféu Luva de Ouro, por ter sido o melhor goleiro, e Veron ganhou a premiação de MVP (Melhor Jogador do Torneio).
A Seleção Brasileira Sub 17 dirigida pelo técnico Guilherme Dalla Déa foi formada por:
Goleiros
♣ Matheus Donelli (Corinthians)
♣ Cristian (Atlético-MG)
♣ Marcelo (Fluminense)
Laterais
♣ Gustavo Garcia (Palmeiras)
♣ Yan Couto (Coritiba)
♣ Patryck (São Paulo)
♣ Renan (Palmeiras)
Zagueiros
♣ Henri (Palmeiras) – Capitão
♣ Luan Patrick (Athletico-PR)
♣ Gabriel Noga (Flamengo)
♣ Matheus Araújo (Corinthians)
Meiocampistas
♣ Daniel Cabral (Flamengo)
♣ Diego Rosa (Grêmio)
♣ Sandry (Santos)
♣ Talles Costa (São Paulo)
♣ João Peglow (Internacional)
Atacantes
♣ Gabriel Veron (Palmeiras)
♣ Talles Magno (Vasco da Gama)
♣ Lázaro (Flamengo)
♣ Pedro Lucas (Grêmio)
♣ Kaio Jorge (Santos)