O brasileiro Frederick Barbieri, preso no fim do mês passado na Flórida, veio para os Estados Unidos em 2000 e, segundo amigos, começou a vida limpando piscinas. Ele vivia na região de Miami e se casou em 2006 com uma cubana e, meses depois, obteve o green card. Hoje cidadão americano, Barbieri teve a fiança estipulada em $1,5 milhão e precisa comprovar a legalidade do dinheiro para responder ao processo em liberdade. O levantamento foi feito por repórteres da Globo, que passaram alguns dias na Flórida investigando o passado do brasileiro.
“Custou cerca de $20 mil esse casamento”, diz o delegado Maurício Mendonça, que comandou a operação da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) que começou a desarticular toda a quadrilha de Fred, no ano passado.
Depois que obteve a cidadania, Fred desfez o casamento. Dia 22 de setembro de 2008, o “casal” voltou a se encontrar num cartório para assinar o litígio “sem filhos, sem patrimônio e sem dívidas”.
Nesta época, Fred já havia embarcado no ramo que lhe daria dinheiro de verdade. Ainda em 2006, criou no Rio de Janeiro a ZPA Importações e Exportações. No ano seguinte, montou sua primeira empresa nos EUA, a FKBar (numa alusão ao seu nome) Limited Liability Company, registrada com o endereço de um condomínio de classe média na Avenida 107.
Boa parte de suas operações passava pelo principal porto da Flórida, de Everglades, em Fort Lauderdale. Fred fazia muitos negócios com outras empresas brasileiras, inclusive a de seu grande amigo e incentivador dono da mercearia. “Até que o Fred se apaixonou pela Ana Cláudia, que era a mulher desse comerciante brasileiro. Ela largou ele para ficar com o Fred, e a amizade acabou”, relembra um amigo em comum.
O Ministério Público Federal do Brasil, calcula que quase 1,2 mil fuzis e pelo menos 300 mil munições tenham chegado às mãos de traficantes cariocas através do esquema montado por Frederik.
Foram pelo menos 75 remessas entre 2014 e 2017, segundo a reportagem do G1.
A quantidade máxima enviada por remessa era de até quatro aquecedores. “Cada um vinha com 7 ou 8 fuzis, porque assim mantinha o peso em torno de 250 quilos e não chamava atenção. A apreensão de 60 fuzis em oito aquecedores no aeroporto Galeão no ano passado aconteceu porque nessa época ele (Barbieri) tinha enviado duas remessas para o Brasil”, afirma o delegado Maurício Mendonça, que coordenou a investigação que desarticulou a quadrilha de Barbieri.