Antero Paes de Barros nega acusação e diz que interperlará os que ligaram seu nome ao esquema das ambulâncias superfaturadas
Em entrevista à revista Veja desta semana, o empresário Luiz Antônio Vedoin traz novas revelações sobre a rede de influência montada pela máfia dos sanguessugas no governo petista e inclui o nome de um tucano influente, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), entre os supostos beneficiários do esquema. Vedoin é sócio da Planam, empresa onde foi montada uma central de fraudes para desvio de dinheiro público com a compra de ambulâncias superfaturadas por meio de emendas de parlamentares.
Vedoin disse que o lobista José Airton Cirilo, do PT do Ceará, ajudou a máfia a estender sua influência do Ministério da Saúde ao das Comunicações, na gestão do ex-ministro Eunício Oliveira, onde teria conseguido liberar o empenho para compras de ônibus também superfaturados. Eunício não foi encontrado para comentar a informação.
Segundo Vedoin, o petista teria influência, ainda, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e na Petrobrás. No entanto, o chefe da máfia diz que não realizou negócios com esses dois órgãos.
Ainda segundo o empresário, Antero Paes de Barros se entendeu com o pai dele, Darci Vedoin, e chegou a negociar R$ 40 mil de propina, por intermédio do deputado Lino Rossi (PP-MT), encarregado de cooptar parlamentares para a máfia no Congresso. “Meu pai conversou pessoalmente com o senador, que era o líder bancada do Estado. O acordo era para a totalidade das emendas da bancada, que somavam R$ 3,8 milhões. Antero apresentou R$ 400 mil e tínhamos de dar R$ 40 mil de comissão. Ele pediu para passarmos o dinheiro diretamente para o Lino Rossi, que, naquele tempo, era do mesmo partido que ele. Todos ali tinham consciência do que estava sendo feito”, disse Vedoin, segundo Veja.
Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Antero disse que esteve com Darci uma vez no Congresso, mas que jamais tratou desse assunto. “Nunca passou pela minha cabeça que parlamentar cobrasse propina por ambulância. Vou interpelar judicialmente o Lino Rossi para que ele diga quando, onde e de que forma me deu R$ 40 mil.”
O parlamentar acusa o governador mato-grossense Blairo Maggi (PPS), candidato à reeleição, de ser o patrocinador da acusação e disse que vai processar Vedoin. Ele estranhou que seu nome venha à tona agora, uma vez que nunca houve qualquer referência nos depoimentos anteriores.
“Agora que começou a campanha eleitoral, meu nome cai de pára-quedas, justo quando eu tenho denunciado o palanque do Blairo como viveiro de sanguessugas”, enfatizou Antero.
O esquema das ambulâncias superfaturadas foi desmontado no começo de maio, com a prisão de 47 pessoas, após investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Sanguessuga.
Parlamentares foram acusados de, em troca de propina, apresentar emendas ao orçamento destinando recursos a prefeituras para a compra de ambulâncias vendidas pela Planam. A PF estima que a quadrilha movimentou R$ 110 milhões desde 2001.