DA REDAÇÃO – O secretário de segurança nacional do governo Trump, John Kelly, alertou membros do Congresso, na quarta-feira (12), que cerca de 800 mil pessoas que vivem atualmente nos Estados Unidos em condições especiais e protegidas da deportação podem perder seus privilégios imigratórios e postas na fila para a remoção a partir de setembro.
Kelly falava sobre o programa DACA, aprovado no governo Obama, que protege estrangeiros que chegaram ainda crianças aos Estados Unidos, trazidos pelos pais. De acordo com o programa, essas pessoas estão protegidas da deportação e recebem autorizações de trabalho temporárias e prorrogáveis.
O secretário disse que o destino do programa provavelmente será decidido nos tribunais, talvez já em setembro, e que os advogados que ele consultou avaliam que o programa não é legalmente sustentável.
“Nunca saí de uma reunião tão abalado emocionalmente quanto dessa que acabei de participar”, disse o deputado Luis Gutierrez, Democrata por Illinois. “E tenho certeza de que meus colegas tiveram a mesma impressão.”
Kelly passou mais de uma hora reunido no Capitólio com parlamentares Democratas e membros do Hispanic Caucus, grupo de políticos ligados a ativistas latinos e de origem hispânica. As declarações do secretário causaram surpresa, já que em reuniões anteriores ele havia dito que ele próprio era um defensor do programa. Trump e líderes Republicanos também já disseram que os cerca de 800 mil beneficiários do DACA não eram uma preocupação.
Em fevereiro, Trump prometeu tratar os Dreamers, como são chamados os beneficiários, “com o coração”.
“Para mim, é um dos assuntos mais difíceis com os quais tenho que lidar, porque temos essas crianças incríveis, em muitos casos, não em todos”, disse o presidente durante uma coletiva em fevereiro. “Em alguns casos, eles possuem o DACA e são membros de gangues, também. Mas você tem algumas crianças absolutamente incríveis – diria a maioria – que foram trazidas assim para cá. É um assunto muito, muito difícil.”
Tudo mudou no mês passado, quando um grupo de autoridades de dez estados de governo Republicano, liderados pelo Texas, exigiram judicialmente que o presidente acabe com o programa de Obama.
O governo tem até o dia 5 de setembro para decidir se acaba com o DACA ou se questiona nos tribunais a demanda dos estados.
Kelly disse que pessoalmente apoia o DACA e que não acabaria com ele, mas acha difícil que o governo o defenda na Justiça. Ele pressionou os Democratas para que trabalhem junto com os Republicanos no sentido de promover uma solução de longo prazo para o problema.