Foi canonizada no domingo, no Vaticano, pelo Papa Francisco, a religiosa baiana Irmã Dulce, que passa a ser chamada Santa Dulce dos Pobres. Nesta segunda-feira já foi celebrada, em português, na Basílica Sant’Andrea della Valle, em Roma, a primeira missa em homenagem à primeira santa brasileira.
O processo de canonização de Maria Rita Lopes Pontes, seu nome de batismo, começou em janeiro de 2000. Foi um dos mais rápidos da história. O primeiro milagre atribuído a ela foi em Itabaiana, Sergipe, quando fez cessar a hemorragia de uma mulher 18 horas após o parto. O segundo foi a cura instantânea da cegueira do baiano José Maurício Bragança Moreira, que passou 14 anos sem enxergar, milagre que levou à canonização. Ele participou da cerimônia e durante o ofertório foi brevemente cumprimentado pelo papa.
De uma família de classe média alta, Maria Rita, na infância, corria descalça nas ruas, fazia guerra de mamonas, empinava pipas, molhava-se nas fontes das praças e jogava futebol, sua uma paixão. Mais tarde, passou a se dedicar a trabalhos sociais e em 1930 tornou-se freira. Aprendeu a tocar sanfona de ouvido e fez da música um instrumento de evangelização, tocando para presidiários e crianças carentes. Bem-humorada, fazia piadas até com autoridades e empresários. Ao cobrar do presidente João Figueiredo a liberação de recursos para o hospital Santo Antônio, ele rebateu dizendo que só conseguiria se assaltasse um banco. E ela respondeu: “me avisa que eu vou com o senhor”.
Anos depois, Bernardo Gradin, presidente da Granbio – empresa de biotecnologia industrial – na época estagiário das obras de ampliação do hospital, lhe informou que o cimento acabara. Ela então pegou-o pelo braço e levou-o para a área de saúde mental, onde fez carinho e deu de comer às crianças. Duas horas depois, seguiu para a capela e disse ao jovem: “Você viu que Deus me deu muitos problemas para resolver. O cimento você resolve, né?”
A primeira missa em homenagem à Santa Dulce dos Pobres foi celebrada em português na capital italiana pelo arcebispo de Salvador, Dom Murilo Krieger. Além de centenas de fiéis, estavam presentes autoridades como o vice-presidente Hamilton Mourão e os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli. Também participou da celebração a sobrinha da nova santa, que tem o mesmo nome da tia e anunciou a realização de uma missa no estádio Fonte Nova, em Salvador, no próximo domingo, provavelmente com a presença de mais de 55 mil pessoas.