O serviço de segurança da Rússia (FSB) anunciou, nesta quinta-feira (30), ter detido o repórter americano Evan Gershkovich, do The Wall Street Journal, por suspeita de espionagem. O Kremlin acusa Gershkovich, 31, de coletar informações classificadas como segredo de estado. O jornalista — que é filho de pais originários da antiga União Soviética — é o primeiro repórter dos Estados Unidos a ser preso por acusação de espionagem na Rússia desde a Guerra Fria. O caso ocorre em meio ao acirramento das tensões entre Moscou e Washington, já que Biden reforçou seu apoio à Ucrânia na guerra em curso e continuou a lançar novas sanções contra o governo Putin.
Em comunicado, o FSB afirmou que o jornalista foi preso na cidade de Ecaterimburgo enquanto tentava obter informações secretas sobre uma base militar russa. O The Wall Street Journal nega a acusação e exige a libertação imediata de seu colaborador. O FSB afirmou que o americano tinha credenciamento do Ministério das Relações Exteriores da Rússia para trabalhar como jornalista no país, mas a porta-voz do ministério, Maria Zakharova, disse que Gershkovich estava usando suas credenciais para “atividades que nada têm a ver com jornalismo”.
Gershkovich escreve sobre a Rússia desde 2017 e, nos últimos meses, cobriu principalmente a política russa e o conflito na Ucrânia. Seu artigo mais recente foi publicado na terça-feira (28) com o título: “A economia da Rússia está começando a se desfazer”.
Vários cidadãos dos EUA estão atualmente detidos na Rússia e Washington acusa Moscou de realizar prisões por motivos políticos. Em janeiro, o FSB abriu um processo criminal contra um cidadão americano que disse ser suspeito de espionagem, mas não deu o nome do indivíduo. Paul Whelan, ex-fuzileiro naval dos EUA, foi preso na Rússia em 2018 e condenado a 16 anos de prisão por acusações de espionagem. Ele está detido em uma colônia penal ao sul de Moscou. Os EUA dizem que ele era um cidadão americano visitando Moscou a negócios pessoais e exigiu sua libertação.
A detenção de Gershkovich na Rússia ocorre menos de quatro meses depois que a jogadora da WNBA Brittney Griner voltou aos EUA após 10 meses em cativeiro na Rússia. Griner foi presa em fevereiro de 2022 por porte de drogas e contrabando de uma pequena quantidade de óleo de cannabis encontrado por funcionários da alfândega no aeroporto de Moscou. O governo Biden fez uma troca de prisioneiros, levando a Rússia a libertar Griner em troca do traficante de armas russo Viktor Bout.