O ex-procurador especial Robert Mueller começou a depor ao Congresso, na manhã desta quarta-feira (24), sobre a investigação da interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. Mueller vai responder perguntas sobre as 448 páginas do relatório. Ele afirmou que não poderá, entretanto, responder a perguntas relacionadas à origem da investigação, nem discutir assuntos que possam atrapalhar o andamento dela. As informações são da Reuters e G1.
Mueller também não responderá a perguntas relacionadas a um dossiê sobre Trump elaborado por Christopher Steele, ex-espião britânico que alegou conluio entre a Rússia e a campanha presidencial dele.
“É incomum que um procurador testemunhe sobre uma investigação criminal e, dado meu papel como procurador, há razões pelas quais meu testemunho será necessariamente limitado”, declarou Mueller. “Não pretendo resumir ou descrever os resultados de nosso trabalho de maneira diferente no decorrer de meu testemunho hoje. Como disse em 29 de maio: o relatório é meu testemunho”, completou.
No questionamento desta quarta-feira (24), o Comitê Judiciário da Câmara de Representantes vai se concentrar, segundo o “New York Times”, na segunda metade do relatório de Mueller, sobre as tentativas de Trump de impedir a investigação sobre uma possível conspiração entre a campanha do agora presidente e os russos em 2016.
Mueller sugeriu em seu depoimento que Trump poderá responder por crimes depois de deixar a cadeira da presidência por obstrução de justiça.
A investigação de Mueller não estabeleceu que membros da campanha de Trump conspiraram com o governo russo em suas atividades de interferência eleitoral. Também não concluiu se o presidente cometeu ou não um crime.
“Com base na política do Departamento de Justiça e nos princípios de justiça, decidimos que não iríamos determinar se o presidente cometeu um crime. Essa foi a nossa decisão na época e continua sendo nossa decisão hoje”, declarou Mueller nesta quarta (24).
Depois de responder ao questionamento do Comitê Judiciário, Mueller deve depor perante o painel de inteligência da Câmara, que vai se concentrar na primeira metade do relatório, sobre a interferência da Rússia nas eleições.
“Ao longo da minha carreira, tenho visto uma série de desafios à nossa democracia. O esforço do governo russo para interferir em nossa eleição está entre os mais sérios”, declarou Mueller nesta quarta-feira (24).
Em março, a equipe de Mueller entregou um relatório de 448 páginas sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais americanas ao Departamento de Justiça dos EUA. O documento concluiu que os russos interferiram na campanha, hackeando computadores de democratas e por meio de mídias sociais.
Rússia nega interferência
A Rússia voltou a negar, nesta quarta-feira (24), ter interferido nas eleições americanas de 2016.
“Não há base que confirme que a Rússia tentou interferir” no processo eleitoral dos Estados Unidos, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergey Riabkov, a agências de notícias russas, segundo a AFP.
Riabkov também afirmou que “evidentemente planeja acompanhar” o comparecimento do ex-procurador especial ao Congresso americano. Riabkov negou, ainda, que a Rússia pretenda interferir nas eleições do ano que vem – conforme afirmado pelo diretor do FBI, Christopher Wray, na terça-feira (23).