O Museu Nacional, que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), recebeu a doação de uma coleção de 27 peças do Império Romano e Grécia Antiga, datadas entre os séculos 550 antes de Cristo e 550 depois de Cristo. A doação coincide com o aniversário de 203 anos do Museu, completados no último domingo (6).
Na coleção, doada pelo diplomata aposentado e escritor gaúcho ministro Fernando Cacciatore de Garcia, estão peças em mármore, cerâmica, vidro, bronze, prata e terracota de importante valor histórico e científico.
O acervo foi formado entre 1974 e 2004, a partir de aquisições feitas pelo diplomata no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque, Londres, Paris, Amsterdã e Berlim. A peça mais antiga (550 a.C.) é um tijolo arquitetônico que ornamentava um templo na Grécia Oriental, território que, atualmente, pertence à Turquia. Já a mais recente, é um copo de vidro ainda transparente e com design absolutamente contemporâneo que data de 550 d.C.
Para o arqueólogo Pedro Luiz Von Seehausen, a coleção é “magnífica” porque tem diversidade geográfica e cronológica. Segundo ele, será possível recuperar parte do acervo, referente ao período das peças doadas, que foi perdido no incêndio ocorrido em 2 de setembro de 2018.
O arqueólogo destacou que entre as peças está um balsamário (vaso para conservar perfume) duplo em vidro. “Os vidros da coleção [imperatriz] Teresa Cristina foram completamente destruídos pelo incêndio. Foi uma coisa que não se recuperou”, disse Von Seehausen durante coletiva, realizada na quarta-feira (9) para anunciar a doação.
A intenção é expor as peças ao público o quanto antes, mas o Museu Nacional ainda está em obras, após o incêndio. Por esse motivo, a instituição cogita fazer a exibição de forma online ou ainda em outro local. O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, espera que isso ocorra no máximo no primeiro semestre de 2022.
Segundo o diplomata que fez a doação, a coleção foi avaliada em quase R$ 1 milhão de reais. Como Cacciatore é solteiro e não tem filhos, resolveu fazer a doação em vida, para evitar que as peças fossem vendidas após sua morte. “Vejo a coleção como um embrião e poderiam ser compradas peças de maior magnitude, para aí sim dar um sentido amplo, verdadeiramente internacional”, disse, referindo-se a possíveis doações a partir de reservas técnicas de outros museus do mundo.