Histórico

Retrocesso na política comunitária: virtuais ou biônicos?

Edirson Paiva*

Analisando os dois vocábulos do ponto de vista léxico podemos dizer que virtual é algo que você vê, mas não consegue apalpá-lo; embora irrealístico, é eletronicamente materialístico!

Biônico, embora contrário possa parecer, sua diferenciação é porque pode ser fabricado eletronicamente e, como queira seu inventor, manipulado.

Nas eleições dos nossos representantes, em sua primeira versão em 2009, embora virtual, pudemos ver, sentir, emitir comentários, e inclusive “votar”. Nesta segunda versão em 2013, sabe-se que um Conselho de Representantes fez a indicação! Contudo, tratou-se de uma indicação e não de uma votação livre. E posto que também tal Conselho não foi eleito, mas simplesmente indicado, e muitas vezes voluntariado deixa a sua marca, posto que indicado ou voluntariado não represente, contudo, a vontade da comunidade. E quem indicou?
Politicamente, durante a ditadura no Brasil tivemos os chamados senadores biônicos, escolhidos pelos governantes no poder, daí o epíteto. Por analogia, seriam os atuais “Representantes Comunitários” biônicos? O processo foi o mesmo dos senadores, em nível nacional. Aqui, foi em nível comunitário. Entretanto, governos, em nível nacional ou municipal, devem ser emanados de seus habitantes e não de um grupo.

Este assunto de “representantes comunitários” interessa muito à mídia comunitária, principalmente ao jornal que dirijo, o Brazilian Times, que quando da formação e idealização dos representantes comunitários em nível oficial (tem-se várias versões) muito se empenhou, divulgou, e até promoveu debates! A caminhada foi longa e neste trecho, entre Boston e Nova York, onde o periódico circula como jornal impresso, os leitores puderam acompanhar. E também pela internet.

Sabe-se, e é importante frisar, que um bom número dentre nossas lideranças eram favoráveis à criação do nosso chamado “Representante Comunitário” com o aval dos brasileiros aqui. E outros tantos eram contrários. Mas, no geral, a maioria, desde que democraticamente feito, apoiaria. Sobre a mídia comunitária em Massachusetts, somente, e vamos colocar este somente, com “S” maiúsculo, o Brazilian Times foi o que mais se empenhou na divulgação dos fatos, já que os demais não acreditavam como não acreditam, neste chamado “representante comunitário”. Tanto que muito pouco se viu escrever ou divulgar sobre os atuais representantes! Ou esta não seria uma tática usada para encobrir este descalabro?

Não estamos pleiteando o mérito da ideia, mas somente da divulgação, já que tudo começou com a chamada “Carta de Lisboa” em reunião na capital portuguesa, por brasileiros do continente europeu, e alguns membros comunitários daqui dos Estados Unidos. No evoluir do processo outros aderiram.

Até o advento e surgimento do processo que culminou com um decreto do então presidente Lula, oficializando o processo de escolha do nosso “Representante Comunitário” sob os auspícios da Secretaria dos Emigrantes no Exterior criada para esta finalidade. Contudo, a nosso ver houve um retrocesso no processo de escolha do nosso “Representante Comunitário”. É como estão dizendo por aí: o que era ruim ficou pior!

Elegemos nossos representantes através de um processo virtual (internet) que não é palpável, mas é visível, e agora trocamos por um processo nem visível nem palpável, mas condenável! É o que foi esta indicação biônica de nossos “representantes”! Uma lástima, mesmo assim um fato! Não podemos concordar nem aceitar! Somente com um processo democrático, embora virtual, mas não às escondidas, podemos ou devemos abonar e validar os nossos representantes!

Que venham as chamadas “reivindicações” ou “propostas” feitas pelos atuais representantes biônicos, nesta reunião de 19 de novembro agora, em “resorts” de luxo, no estado da Bahia. Afinal, não estamos em condições de rejeitarmos nenhuma ajuda! Contudo, os atuais representantes não representam a maioria, mas uma minoria. Por isso, vamos nos unir aos protestos em andamento!

Devemos esclarecer que nada temos contra as pessoas indicadas (Ilma Paixão, representante para Massachusetts, Ester Sanches Naek, para Connecticut e Silair Almeida, para a Flórida), nem contra o consulado local (as diretrizes foram emanadas da Secretaria dos Emigrantes no Exterior, órgão vinculado ao Itamaraty), mas somos contrários ao método usado. E, como diz Boris Casoy: “É uma vergonha”!


* Edirson Paiva é publisher do jornal comunitário Brazilian Times, que circula em Massachusetts e Nova York

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