Pode parecer provocação, mas a verdade é que um dos restaurantes que está fazendo mais sucesso em Washington DC chama-se ‘Immigrant Food’ (Comida de imigrante) e está localizado a menos de um quarteirão da Casa Branca. Especializado em pratos de diferentes culturas ao redor do mundo, o estabelecimento caiu no gosto popular não apenas pela culinária diversificada, mas principalmente pela mensagem que transmite em cada detalhe, desde a decoração até as causas que defende. “Unidos à mesa” é o slogan da casa e demonstra que, apesar da divisão política na América e das opiniões desencontradas quando o assunto é imigração, há pelo menos um aspecto em comum entre todos os que vivem nos Estados Unidos – o apetite por novidades.
Um dos donos do restaurante, Peter Schechter, filho de imigrantes da Áustria e da Alemanha, não esconde a motivação do tema escolhido para o empreendimento, até como forma de responder ao aumento da retórica anti-imigrante. “Esta não é a América que reconheço e queremos deixar claro que este país sempre foi maravilhoso por causa dos imigrantes”, afirma Schechter. Em uma das paredes da casa, há um mapa, onde os clientes são encorajados a mostrar de onde vêm, tirar uma selfie e receber uma mensagem de texto com uma moldura ao redor da foto que diz: “Somos todos imigrantes!”
O cardápio combina comidas típicas de vários países, como o macarrão de arroz condimentado vietnamita com bananas em conserva, muito consumida na América Central. Outro prato dentro deste conceito ‘fusion’ mistura o cilantro peruano com o tofu chinês – e por aí vai. As ideias passadas ao chef Enrique Limardo, venezuelano de nascimento, são garimpadas na própria fila do restaurante, onde os proprietários abordam os clientes em busca de sugestões. E elas vêm aos montes, até porque Washington DC, como capital da principal potência mundial, é uma cidade diversificada e cheia de estrangeiros.
Mas não é só isso: no Immigrant Food o público pode fazer doações a grupos de defesa dos imigrantes e até se registrar como voluntário em uma dessas ONGs, para visitas a centros de detenção ou ajudar estrangeiros nas simulações de entrevistas do ICE. Aliás, nas horas de menor movimento, os ativistas poderão usar o espaço para reuniões ou mesmo para aulas de inglês como segundo idioma.