da Folha Online
O resgate dos seis trabalhadores presos na mina Crandall Canyon, no Estado americano de Utah, levará ao menos três dias, afirmou nesta terça-feira Robert E. Murray, proprietário da Murray Energy Corp., de Cleveland, uma das controladoras da mina. Os trabalhadores estão há cerca de 30 horas presos na instalação.
Vista aérea da mina na qual ainda estão presos os trabalhadores
“Se tudo correr bem, ainda levaremos três dias para chegar à câmara onde os mineiros devem estar”, afirmou Murray. Quando isso acontecer, as equipes devem ter apenas um buraco de cerca de cinco centímetros de acesso para a câmara. Pelo orifício se poderá providenciar ar e comida, segundo Murray.
O empresário disse que, se os mineiros ainda estão vivos, “há muito ar lá para sobreviverem por semanas e há água”.
O local do desmoronamento fica a 8 km do epicentro de um terremoto, de magnitude 3.9 na escala Richter, que ocorreu às 2h48 (6h48 no horário de Brasília) nesta segunda-feira, segundo o Instituto de Estudos Geológicos dos Estados Unidos. As autoridades foram avisadas sobre o desabamento por volta das 4h (8h de Brasília). Não há certeza se o colapso foi causado pelo terremoto.
A mina foi construída em uma montanha que cerca uma reserva florestal. O local do acidente está a 225 km ao sul de Salt Lake City, em uma área pouco povoada.
Apenas um dos mineiros foi identificado oficialmente, mas Salvador Jimenez, cônsul do México em Salt Lake City, afirmou que três dos trabalhadores presos na mina são mexicanos. O diplomata disse que não sabe detalhes sobre as vítimas.
Lamar Guymon, xerife do Condado de Emery, disse que 90% da comunidade está ligada à produção de carvão ou de energia.
Resgate
As equipes de resgate trabalharam durante a noite desta segunda-feira e a madrugada desta terça-feira em turnos e conseguiram atingir apenas 95 metros nas primeiras 30 horas após o desmoronamento, segundo Murray.
Reuters
Jon Huntsman, governador de Utah (à esq.), e Robert Murrey deram entrevista coletiva
Os trabalhos tiveram de ser interrompidos em um momento durante a noite após um estalido no túnel, disse Al Davis, um oficial do órgão federal encarregado de cuidar das condições das minas, a Administração de Saúde e Segurança das Minas. Uma rocha apresentava risco de desabamento.
Um helicóptero transportou no início desta terça-feira uma broca sobre uma montanha do Estado americano de Utah para iniciar uma perfuração de 460 metros, em mais um esforço para encontrar os trabalhadores.
Murray disse que há 30 peças de equipamento de mineração e um efetivo de mais de 130 pessoas trabalhando no resgate.
O empresário afirmou que um terremoto causou o desmoronamento e negou que um método perigoso (pilhagem de carvão usada como sustentação do teto da mina) estava sendo usado na mina no momento do acidente. Quando a área está completamente explorada, os pilares são puxados para resgatar o carvão e isto causa um desmoronamento intencional.
“Os pilares não estavam sendo retirados no momento do acidente. Lá há oito pilares sólidos”, disse Murray.
O Condado de Emery, o segundo produtor de carvão do Estado, também foi o lugar de um incêndio que matou 27 pessoas na mina Wilburg em dezembro de 1984.
