DA REDAÇÃO – Os números da pesquisa mais recente vitaminaram a campanha de Ted Cruz. Hoje ele é o único candidato no âmbito do Partido Republicano que pode desbancar o favoritismo de Donald Trump para obter a indicação oficial do GOP (Great Old Party) e disputar a eleição presidencial em 2016 para substituir Barack Obama. Atualmente, ele ocupa o segundo lugar com 24%, apenas dois pontos percentuais a menos do que o histriônico empresário.
O irônico é que a liderança de Trump está na contra-mão do politicamente correto. Ele já criticou imigrantes latinos, sobretudo os mexicanos, investiu contra os fiéis do Islamismo e afirmou que soldados de guerra que são capturados pelo inimigo não deveriam ser condecorados como heróis de guerra, em alusão ao senador por Arizona, John McCain. Agora entrou numa batalha de palavras com Hillary Clinton e seus adversários condenam o linguajar empregado para se referir a uma dama. Isso obviamente não passou despercebido pelos organizadores da campanha de Ted Cruz, que redirecionaram a campanha do senador texano para criticar a presença dos indocumentados nos EUA.
Para isso, o candidato concentrou seus ataques sobre Marco Rubio, o senador pela Flórida, que também subiu nas intenções de voto. A tática faz sentido. Ele afasta Rubio da corrida presidencial, pespega-lhe o selo de defensor dos indocumentados e assume-se como o verdadeiro paladino dos americanos natos e imigrantes legalizados. O staff de sua campanha, assim como grande parte dos analistas, acredita que a campanha de Trump perderá o gás. Assim, Cruz herdaria esses eleitores carentes de um governante mais forte contra a presença de ilegais no país.
E sua estratégia vem surtindo efeito em relação a Rubio. O senador floridiano integrou o chamado Grupo dos Oito, em 2013, que redigiu um projeto de lei de reforma imigratória abrangente, aprovado no Senado, mas derrotado na Câmara dos Deputados. Além do reforço na segurança das fronteiras e da implantação total do sistema de E-Verify para checar o status imigratório do empregado, permitia aos indocumentados um caminho para a cidadania americana. Porém, era um caminho bem demorado. Os imigrantes teriam de se registrar, pagar uma multa, serem aprovados num exame de antecedentes, e aí receberiam um status legal provisório. Após aguardar dez anos, pagariam outra multa, comprovariam ter aprendido inglês, e poderiam pedir o green card. Depois do recebimento do green card, teriam de esperar três anos para solicitar a cidadania.
Embora Rubio tenha recuado em relação ao projeto de lei, ele diz ainda apoiar um eventual caminho para a cidadania. Mas enfatiza que isto deve ser cuidadosamente debatido antes de implantar alguma coisa.
A posição mais dura defendida por Cruz é contrária ao próprio desejo dos eleitores republicanos, conforme comprovou recentemente uma pesquisa feita pela Pew na qual 66% dos pesquisados responderam ser favoráveis à permanência dos indocumentados no país, desde que eles preencham certos requisitos, 37 por cento apoiam a cidadania e 28 por cento apoiam a cidadania permanente.
Então por que Rubio não está ganhando neste tema? Uma razão é que sua posição neste tema é complexa, enquanto a posição de Cruz é simples: “Ele é a favor da anistia!”—e as mensagens mais simples normalmente são as que prevalecem. Outra razão é que os candidatos na verdade não estão falando com todos eleitores republicanos, mas com um pequeno grupo extremamente conservador que vota nas primárias. Por isso tudo, ninguém deve afastar Ted Cruz da corrida presidencial.
Pior para os democratas se Ted Cruz for escolhido. Embora Trump seja mais popular, muitos eleitores associam sua imagem à de um empresário pouco sério e isto acabaria sendo prejudicial em uma eventual disputa com Hillary Clinton, a virtual candidata do Partido Democrata. Cruz, no entanto, encarna a figura austera do governante durão que muitos americanos não conseguiram encontrar na figura de Barack Obama – sobretudo os eleitores republicanos.