Débora Maia
Um relatório de engenharia estrutural emitido pela empresa Morabito Consultants em 2018 apontou que o Champlain Towers South tinha problemas generalizados que exigiam “reparos urgentes”.
O documento obtido pela prefeitura de Surfside, FL, foi encaminhado à tesoureira do condomínio na época, Maggie Manrara, mas, por razões desconhecidas, teria sido ignorado. Até o momento, nove mortos foram identificados e outras 152 pessoas continuam desaparecidas no desabamento parcial do prédio na última quinta-feira (24).
“Tenho a impressão de que é algo que ninguém tinha visto até ontem, quando começamos a olhar para os registros para tentar entender se havia algo que indicasse porque o prédio caiu”, disse Charles Burkett, prefeito de Surfside, ao NPR’s Weekend Edition deste sábado (26).
Entre outros pontos, os engenheiros da Morabito Consultants alertaram para falha na impermeabilização da laje que ficava abaixo do deck da piscina. O processo teria sido feito em uma área plana em vez de inclinada, o que impedia o escoamento da água.
“Se não ocorrer a substituição da impermeabilização, a deterioração do concreto irá aumentar exponencialmente”, afirmou a empresa, que recomendou substituir a laje danificada.
O relatório também encontrou “fissuras e estilhaços abundantes” em colunas, vigas e paredes de concreto no estacionamento do prédio, sacadas dos apartamentos e em outras áreas.
O parecer de nove páginas acrescentou que a associação de condomínio contratou a Morabito Consultants novamente em junho de 2020 para preparar um plano de restauração do edifício em comemoração aos 40 anos de construção do Champlain Towers South.
No momento em que ocorreu o desabamento, os reparos do telhado estavam em andamento, mas a restauração do concreto ainda não havia começado.
As causas do incidente ainda não foram definidas pelas autoridades.
