Enquanto o presidente e um grupo de empresários pressionam a Câmara de Deputados, ativistas advertem que já não há tempo
O presidente Barack Obama voltou a se reunir esta semana com líderes empresariais em uma nova estratégia do governo para encurralar a liderança republicana, mas nada indica que o esforço esteja dando resultados. A Câmara de Deputados está em recesso, retoma os trabalhos no dia 12 e restam menos de 15 dias úteis no período de sessões de 2013.
Alguns ativistas que defendem os direitos dos imigrantes pensam que, apesar do pouco tempo, “algo” pode ocorrer e que milagres existem. Mas estão céticos de que se consiga em 2013.
“Que não se possa aprovar nesta sessão porque já não há mais tempo não significa que não se possa fazer o trabalho”, declarou à Noticias Univision.com Angélica Salas, diretora executiva da Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes de Los Angeles (CHIRLA). “A proposta do Senado tem uma vida política até o final de 2014”, acrescentou.
Ela disse ainda que “nossa pressão tem de assegurar que os republicanos abram espaço legislativo nos dias que restam” e que, caso não terminarem o trabalho até 15 de janeiro, “resta todo o ano de 2014”. “Que haja uma votação final em 2013 não é realista”, afirmou, “mas é possível”.
O possível cenário
As possibilidades se resumem a um acordo entre democratas e republicanos para continuar debatendo no próximo ano, depois das primárias republicanas, quando os candidatos para a eleição de 2014 tenham asseguradas suas candidaturas.
Perguntado se a reforma imigratória está morta em 2013, Juan José Gutiérrez, presidente do Movimento Latino USA, responde que “gostaria de pensar que não, mas tudo parece indicar que sim. Porque basicamente os sinais que estão emanando de Washington não são nada alentadores”.
Ao insistir na pergunta, Gutiérrez destacou que “quando se analisa se a reforma imigratória está morta este ano, como todos sabemos, a política é como o jogo de beisebol, até o último out não se fala nada. Aqui, nada está terminado até o encerramento da sessão este ano”.
“Mas se fosse um jogo de beisebol, diria que estamos perdendo, embora tenhamos feito muitas jogadas. Mas tudo parece indicar que estamos no nono inning e a situação não é muito promissora”, afirmou.
Estava avisado
O senador Bob Menéndez (democrata de New Jersey) disse ao jornalista Jorge Ramos no programa Al Punto da rede Univision, que “há republicanos que querem votar por uma reforma, mas não querem fazer isto antes de março porque têm de se registrar para ir às primárias cujas inscrições encerram-se em março em muitos estados”.
“Se é este o caso e não tiverem de enfrentar um adversário pelo tema imigratório, então em março poderiam dar este voto”, acresentou.
A advertência do senador justifica-se nas preocupações de Salas e Gutiérrez e de outras organizações, entre elas o Fórum Nacional de Imigração (NIF, na sigla em inglês).
Assim, o panorama imediato seria um compromisso bipartidário antes do final do período de sessões em 2013 para debater e levar ao plenário da Câmara de Deputados um plano de reforma imigratória no decorrer de 2014.
Se for obtido um acordo com estas características, democratas e republicanos compartilharão uma vitória sem que isto impeça que Obama continue pressionando por uma solução “antes dofinal do ano”.
“Isto é algo que tem um forte apoio bipartidário”, voltou a dizer Obama, referindo-se ao fato de projeto de lei contar com os 218 votos mínimos necessários no plenário para que a reforma seja aprovada imediatamente.
Mas o próprio mandatário reconhece haver “alguma resistência” por parte da liderança republicana, um freio que, enquanto continuar ativado, causa danos a todo mundo, inclusive ao presidente.
A última pesquisa Gallup difundida esta semana revelou que 49% dos latinos aprovam a gestão de Obama. En novembro do ano passado o respaldo era de 67% e lhe permitiu ser eleito para um segundo mandato de quatro anos.
A reforma imigratória está na lista de temas importantes para os latinos dos Estados Unidos. Nas duas últimas eleições presidenciais foi decisiva para escolher o inquilino da Casa Branca.
“Nós não esquecemos”, disse Gutiérrez.