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Redes sociais e conversas on-line de imigrantes estão sendo checadas nos aeroportos americanos

Brasileiros recém-chegados relatam que tiveram os telefones ‘revirados’ por agentes da imigração

Todo cuidado é pouco com o que é postado nas redes sociais ou no conteúdo de conversas via WhatsApp quando o assunto é imigração. Com o cerco se fechando para imigrantes na administração Donald Trump, a fiscalização na fronteira (sim, o aeroporto é considerado fronteira) se intensificou desde o dia 20 de janeiro.

Maria* (nome fictício a pedido da entrevistada) chegou sozinha aos Estados Unidos pela primeira vez no último sábado (4) com visto de turista. Ela disse que foi levada para a famosa ‘salinha’ e que no local teve o telefone revirado. “Eles olharam tudo: minhas conversas no WhatsApp, minhas páginas de interesse no Facebook e até mesmo as pesquisas que fiz no Google por meio do meu celular. Eu não sabia que eles tinham esse direito”, disse Maria que é de Governador Valadares (MG). Ela afirma que, de fato, tem a intenção de ficar um tempo nos Estados Unidos e que os agentes a pressionaram quando viram que ela pesquisou uma página sobre os tipos de trabalho para imigrantes em Boston. “Pensei que seria mandada de volta ao Brasil. Passei momentos de muito medo e apreensão”, disse a brasileira que conseguiu ser liberada depois do interrogatório.

De acordo com o advogado de imigração Ludo Gardini, na fronteira você não tem direito a advogado, a juiz, a nada. O viajante pode não mostrar o celular ao agente, mas por essa recursa, pode ser deportado. Gardini explica que o oficial de imigração tem direito de dar qualquer tipo de busca em malas, carteiras, celulares, em qualquer lugar, em nome da soberania nacional. “Ele pode buscar cartões de visita, cartão de crédito e outros documentos pessoais que o viajante esteja portando e que faça o agente acreditar que ele tem a intenção de migrar para os Estados Unidos”.

Retirada do pedido de admissão nos EUA

Gardini lembra que o imigrante que tiver sua entrada negada no aeroporto pode solicitar a retirada do pedido de admissão que é feita na hora. “Esse documento que poucas pessoas conhecem permite que o indivíduo tente novamente o visto e não seja punido por cinco anos. Ele vai ter o visto cancelado, mas pode tentar novamente sem ser punido”, explicou o advogado.

Ele reforça que o visto não é garantia de entrada nos Estados Unidos e o fato de o visto de turista dar um prazo de até seis meses para o brasileiro, não quer dizer que ele esteja legal e que possa trabalhar, isso é crime. “Visto de turista é para turismo e trabalhar com esse visto é crime”.

Caso a entrada nos Estados Unidos seja negada, o cidadão brasileiro será encaminhado de volta para o Brasil no primeiro voo com lugar disponível, ainda que só haja disponibilidade em classe executiva ou primeira classe. Dinheiro e cartões de crédito do viajante poderão ser usados para arcar com o valor da passagem.

A Embaixada brasileira em Washington DC, bem como os Consulados, não têm poder para interferir na decisão dos oficiais de imigração. Caso a situação seja um pouco mais complicada, como no caso de prisão, o cidadão brasileiro tem o direito de entrar em contato com as autoridades brasileiras locais, bem como de permanecer calado e solicitar um advogado para representá-lo.

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