A rede de hotéis Motel 6, uma das maiores redes de hospedagem da América do Norte, confirmou que estava enviando diariamente a lista de hóspedes para oficiais da Imigração, prática que já resultou na prisão de 20 imigrantes indocumentados de fevereiro a agosto deste ano.
O caso veio à tona depois da prisão do mexicano Manuel Rodiguez-Juarez, de 33 anos, jardineiro que foi preso no hotel depois de mostrar seu documento de identidade expedido no México. No caso dele, o ICE apenas informou que “recebeu uma informação” e “sabia que Rodriguez estava no quarto número 214”. Em outro caso, o ICE também tinha informações específicas sobre o quarto do imigrante preso.
A administração da rede garantiu que a prática se limitou aos hotéis de Phoenix, Arizona e que já acabou, mas a prática aumentou o medo e a desconfiança de imigrantes, ameaçados, também, por corporações.
O jornal Phoenix New Times levantou a polêmica e denunciou dois hotéis da rede Motel 6 pela prática. O jornal forneceu detalhes sobre hóspedes presos desde o início do ano.
“Isso é simplesmente nojento”, disse Steve Kilar, da American Civil Liberties Union do Arizona. “A empresa pega o dinheiro das pessoas e os trata como suspeitos. Eles entregam os imigrantes depois de pegarem seus cartões de crédito”, completou Kilar.
Em comunicado, a rede Motel 6 não desmentiu as acusações, “Nos últimos dias, chegou ao nosso conhecimento que alguns hotéis da rede em Phoenix estavam enviando uma lista com os nomes de clientes para a Imigração. Isso não era de conhecimento da gerência geral, a partir do momento que soubemos do ocorrido, a ação foi interrompida”.
Os hotéis que tiveram imigrantes presos são de regiões com predominância de latinos e próximo à fronteira com o México.
Um funcionário do hotel disse ao jornal The New Times como a lista era enviada. “Nós mandávamos a lista todas as manhãs para o ICE. Todos os nomes de todos os hóspedes que davam entrada. Todas as manhãs, revisámos a lista e apertávamos o botão de enviar para o ICE”.