Jornais do mundo todo estão repercutindo o recorde de queimadas na Floresta Amazônica, tratando como um problema de todos e que está sendo ‘ignorado pelo poder público brasileiro’. As queimadas que atingem Amazônia desde o fim de julho têm sido tão fortes que podem ser vistas do espaço, segundo fotos do satélite Aqua, divulgadas pela agência espacial dos Estados Unidos, a NASA, nesta quarta-feira (21).
De acordo com a agência, “o número dos incêndios pode ser um recorde” e a fumaça que aparece nas fotos é o resultado disso. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre janeiro e agosto deste ano, as queimadas aumentaram 83% em relação ao mesmo período do ano passado — o que representa o maior número registrado nos últimos sete anos, com 72.843 pontos de incêndios.
Outros dados do sistema de alertas em tempo real Deter, divulgados também pelo Inpe, mostram um aumento de mais de 40% nos alertas de desmatamento entre agosto e julho.
O mês passado registrou o pior número de alertas de perda de floresta para um mês na série histórica, referentes a 2.254,9 km². No mesmo mês em 2018, o índice foi de 596,6 km², um aumento de 278%.De acordo com a CNN, a ‘pulmão do mundo’ está em risco. Ambientalistas culpam os fazendeiros da região que fazem queimadas criminosas.
“A maior parte desses focos de incêndio foram provocados pela ação humana”, disse Christian Poirier, diretor da ONG Amazon Watch. Ele ainda acrescentou que por se tratar de uma floresta úmida é mais difícil pegar fogo como as florestas da Califórnia por exemplo.
Ativistas, ONGs e ambientalistas criticam a forma como o governo Bolsonaro vem tratando o tema. Eles acreditam que o presidente tem encorajado fazendeiros e exploradores ilegais da floresta a colocar fogo na mata.
Presidente culpa ONGs
O presidente Jair Bolsonaro declarou na quinta-feira (22), ao ser questionado por jornalistas, que fazendeiros podem estar por trás de queimadas na região amazônica, porém a “maior suspeita” recai sobre organizações não-governamentais (ONGs).
Bolsonaro voltou a comentar o tema em entrevista na saída do Palácio da Alvorada. Na quarta (21), o presidente levantou a suspeita de que “ongueiros” sejam os responsáveis por incêndios na região.
A Amazônia concentra 52,5% dos focos de queimadas de 2019, segundo os dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O G1 mostrou que o número de queimadas aumentou 82% em relação ao mesmo período de 2019 – de janeiro a 18 de agosto.
Indagado se fazendeiros poderiam estar por trás das queimadas, Bolsonaro disse que sim, porém reforçou a suspeita sobre as ONGs.
“Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs”, declarou o presidente.
Bolsonaro ainda foi perguntado se há provas e repetiu que não há registros escritos.
“Não se tem prova disso, meu Deus do céu. Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe isso. Se você não pegar em flagrante quem está queimando e buscar quem mandou fazer isso, que isso está acontecendo, é um crime que está acontecendo”, declarou. (Com informações do G1, Exame e CNN)