DA REDAÇÃO – O presidente da Comissão Europeia da Organização Mundial de Saúde, Jean-Claude Juncker, denunciou em encontro da cúpula mundial da OMS que as pessoas estão brincando com fogo ao não vacinarem seus filhos. A reunião aconteceu na última semana em Bruxelas, na Bélgica.
“Enquanto em algumas partes do mundo os seres humanos morrem por causa da falta de vacinas, aqui [na Europa] as pessoas arriscam suas vidas e as de outros por rejeitá-las”, lamentou Juncker, no início da reunião. Em um contexto de aumento de casos de doenças que podem ser erradicadas por vacinas, como o sarampo, a União Europeia e a OMS decidiram organizar essa reunião entre políticos, membros da sociedade civil, especialistas da área da saúde e representantes de redes sociais.
No mundo, quase três vezes mais casos de sarampo foram registrados no primeiro semestre de 2019 do que em todo o ano de 2018. “Na Europa, o número de mortes relacionadas ao sarampo multiplicou por seis entre 2016 e 2018. E esses casos afetam principalmente pessoas não vacinadas”, explicou Juncker.
O motivo, segundo o presidente do executivo da comunidade, “muitos europeus desconfiam das vacinas”, especificamente “38% deles acreditam que causam as doenças contra as quais deveriam proteger”.
“As mentiras sobre vacinas estão se espalhando em países desenvolvidos da Europa, nos Estados Unidos, Canadá e outros lugares, mas também em países menos desenvolvidos, como Paquistão e República Democrática do Congo”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Para ele, a situação dificulta “o combate à poliomielite, ao ebola e outras doenças que poderiam ser evitadas com vacinas”. Tanto a Comissão como a OMS trabalham com plataformas digitais e redes sociais para tentar combater as campanhas de desinformação ligadas às vacinas.
‘Movimento antivacina é criminoso’
Em entrevista à BBC, o médico brasileiro Drauzio Varela afirma que “as vacinas foram o maior avanço da história da medicina.”
“Quando surgiram as vacinas, houve uma queda abrupta não só das doenças, mas da mortalidade infantil. A mortalidade infantil caiu muito. No Brasil, lá pelos anos 1950, chegava a mais de 100 crianças mortas para cada mil habitantes. Praticamente 10% das crianças morriam até os primeiros cinco anos de vida.”
Segundo os dados mais recentes do IBGE, o Brasil tinha 14 mortes para cada mil nascidos em 2016 – no ano anterior, eram 13,3 mortes (a cada mil). Dados do Ministério da Saúde mostram que todas as vacinas destinadas a crianças menores de dois anos de idade no Brasil vêm registrando queda desde 2011.
Ainda segundo o médico, as vacinas são o grande responsável pelo aumento da expectativa de vida em todo o mundo no último século.