As populações de animais selvagens no planeta encolheram 69% nos últimos 48 anos. Essa é a constatação de um relatório elaborado pela organização WWF (World Wildlife Fund) em parceria com a Zoological Society of London. Juntos, pesquisadores das duas instituições analisaram dados sobre a evolução de 31.821 grupos de animais de 5.230 espécies.
Os números alarmantes indicam um declínio de 94% na América Latina e no Caribe, 66% na África, 20% na América do Norte, e 18% na Europa e Ásia Central.
Marco Lambertini, diretor-geral da WWF, explicou que a quase extinção de milhares de espécies na América Latina e Caribe pode ser explicada porque as regiões tropicais contêm muito mais biodiversidade. Ele também afirmou que Europa e Ásia Central, que tiveram queda de apenas 18%, “estão perdendo sua vida selvagem há muito mais tempo”.
“Esta é a última chance que teremos. Até o final desta década saberemos se a luta pelas pessoas e pela natureza terá sido vencida ou perdida. Os sinais não são bons “, alertou Lambertini.
O relatório intitulado Living Planet Report menciona a utilização dos solos como a maior ameaça atual para as espécies porque destrói e a fragmenta os habitats naturais em terra, água doce, e no mar. As espécies de água doce, aliás, são as que tiveram maior redução: 83% desde 1970. Os botos amazônicos do Brasil, ou botos-cor-de-rosa, diminuíram 65% entre 1994 e 2016.
Entre as milhares de outras espécies apontada, estão os gorilas da planície oriental que vivem na África e na Oceania; 80% desapareceu entre 1994 e 2019, e os leões-marinhos australianos; com queda de 64%, entre 1977 e 2019.
As mudanças climáticas também são fator de ameaça aos animais selvagens. “Se não conseguirmos controlar o aquecimento para que ele não passe de 1,5°C, as mudanças climáticas provavelmente se tornarão a causa principal da perda de biodiversidade nas próximas décadas”, diz o relatório. O estudo completo pode ser acessado aqui.