Nesta edição, vou contar um pouco como foi minha experiência pessoal para entrar no mercado de trabalho aqui nos EUA e espero com isso inspirar, e muito, quem ainda está sonhando com esta oportunidade!
Como já expliquei antes nesta coluna, sou figurinista desde 2004 e tive uma carreira bem-sucedida em TV no Brasil (que, aliás, foi base para o nosso processo de imigração pelo EB2) e uma das coisas que eu mais temia era que não conseguisse inserção no mercado americano, ainda mais falando o inglês bem básico. Eu sou figurinista não por falta de opção, mas por escolha e queria seguir com minha carreira!
Após um ano morando aqui sem trabalhar (pós pandemia, em agosto de 2021), decidi que era hora de voltar ao mercado de trabalho, mas como fazer uma entrevista sem falar inglês?
Conversando com o meu marido, resolvemos que uma boa estratégia seria pagar uma professora particular por, pelo menos, um mês para que eu fosse treinada para conseguir me virar nas perguntas básicas. Para que tivesse um custo menor, conseguimos uma professora nas Filipinas e fechamos um superintensivo de cinco aulas por semana. Comecei a assistir alguns filmes em inglês (áudio e legenda), e mesmo sem total confiança, comecei a aplicar para as vagas de figurinista nos parques de Orlando (pelos próprios sites de trabalho deles – você pode encontrar mais informações sobre esse processo no meu Instagram @orlandoparabrazucas).
Depois de duas tentativas frustradas, uma na Disney e uma na Universal, fui convidada para seguir numa entrevista no SeaWorld. O interessante é que, na ocasião, por causa da pandemia, a entrevista consistia em fazer vídeos respondendo às perguntas que iriam aparecendo na tela. Um dos vídeos precisava ter 5 minutos de resposta! Imagina o que significa isso para alguém que não tem domínio da língua?
Para ser honesta, eu estava realmente para baixo, achando que não seria capaz de retomar minha carreira, que teria que pensar num plano B ou C ou D. Mas sabe aquela expressão: “para Deus nada é impossível”? Então, tenho uma coisa para te contar: é verdade!
Eu ainda nem acredito que passei naquele processo seletivo (em três etapas) em inglês, para trabalhar com figurino aqui nos EUA. Do dia para a noite, lá estava eu, trabalhando no que amo. No início, foi um trabalho temporário (sazonal ou, em inglês, seasonal, onde se tem mais flexibilidade, porém menos direitos) para um evento de dois meses, mas para mim já foi uma conquista e tanto. Esse é um dos modelos de contratação daqui e a forma que muitas pessoas começam para ter a oportunidade de mostrar seu trabalho. Aqui não existe a conhecida “carteira assinada”. Alguns outros modelos de contratação são: Part-time, o empregado é horista, recebe por hora e tem menos benefícios; e full-time, que pode ser horista – “nonexempt”, com até 40h garantidas de trabalho, dependendo da empresa.
Comecei a tirar proveito de tudo, sempre iniciava uma conversa dizendo que não sabia falar inglês, mas que queria aprender e que a pessoas poderia ficar à vontade para me corrigir ou ensinar se quisesse. Em pouco tempo, fui convidada a assinar um contrato part-time no próprio parque. Mas, eu queria ainda mais: Disney e/ou Universal continuavam sendo um forte objetivo, mas pareciam tão distantes!
Continuei tentando melhorar meu inglês, sempre engrenando uma conversa aqui e ali para melhorar minha fluência. Acredite, aprender inglês é o passo mais importante que você pode dar na sua jornada em busca de um emprego por aqui. E não tenha medo ou vergonha de errar, pelo contrário, você será valorizada pela capacidade de ser bilíngue. Enfim, 4 meses mais tarde, veio o convite para um processo seletivo de suporte em figurino na Universal Studios de Orlando (sazonal) e logo no mês seguinte o tão desejado contrato full-time com a Walt Disney World para trabalhar nos figurinos da Disney Cruise Line. Em 7 meses de trabalhos prestados fui convidada a atuar por 20 dias como manager e hoje, um ano e dois meses depois, virei treinadora em Crossover para os funcionários da equipe. Inacreditável, não?
Faz um ano e três meses que sou funcionária da MAIOR empresa de live entertainment DO MUNDO! Sempre me falaram que era uma utopia conseguir adentrar esse “mundo” e cá estou eu, provando que para quem tem fé e garra, que nada é impossível!!! Nosso único limitador somos nós mesmos!
Se você tem um sonho, uma meta, vá! Confie em você e o resto vem! Sou orgulhosa do caminho que estou traçando e fico ainda mais orgulhosa quando recebo mensagens nas minhas redes sociais, de pessoas que eu nem conheço dizendo que estão trabalhando em suas áreas pois se inspiraram na minha história. E eu sempre tenho o maior prazer em enviar minha indicação quando precisam.
Eu tenho em mente que na vida, só não consegue quem não tenta!