O presidente russo, Vladimir Putin, emitiu nesta terça-feira (21) um alerta nuclear ao Ocidente, suspendendo a participação da Rússia no New START, acordo feito com os EUA em 2010 sobre redução de armas nucleares. O comunicado foi feito durante seu discurso anual para políticos e líderes russos, em Moscou, onde Putin prometeu continuar com a operação militar na Ucrânia, um dia depois da visita do presidente americano Joe Biden a Kiev, que prometeu mais ajuda militar ao presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy. A informação é da agência Reuters.
“Sou forçado a anunciar hoje que a Rússia está suspendendo sua participação no Tratado de Redução de Armas Estratégicas”, disse Putin. Assinado pelo então presidente dos EUA, Barack Obama, e seu homólogo russo, Dmitry Medvedev, o acordo limita o número de ogivas nucleares estratégicas que os Estados Unidos e a Rússia podem implantar e estava previsto para expirar em 2026. O líder russo disse, sem citar evidências, que Washington estava se preparando para retomar testes nucleares e, portanto, o Ministério da Defesa russo também deveria investir na estratégia. “Claro, não faremos isso primeiro. Mas se os Estados Unidos realizarem testes, então faremos”, afirmou.
A Rússia e os Estados Unidos têm vastos arsenais de armas nucleares remanescentes da Guerra Fria e continuam sendo, de longe, as maiores potências nucleares do mundo. Juntos, os dois países detêm 90% das ogivas nucleares globais. O New START limitou ambos os lados a 1.550 ogivas em mísseis balísticos intercontinentais implantados, mísseis balísticos submarinos e bombardeiros pesados. Ambos os lados atingiram os limites centrais em 2018.
Em seu discurso, Putin também acusou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos EUA, de inflamar o conflito entre Rússia e Ucrânia na crença “equivocada” de que poderia derrotar Moscou em um confronto global. “As elites do Ocidente não escondem seu propósito. Mas também não podem deixar de perceber que é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha”, afirmou Putin. “Eles pretendem transformar um conflito local em uma fase de confronto global. É exatamente assim que entendemos tudo e vamos reagir de acordo, porque neste caso estamos falando da existência de nosso país”, completou.
Nesta terça-feira, Putin recebe o principal diplomata chinês, Wang Yi, dias depois que o Secretário do Estado americano, Antony Blinken, alertar sobre a parceria “sem limites” prometida pelos chineses à Rússia. “Temos informações preocupantes sobre o fornecimento de apoio letal da China à Rússia na guerra contra a Ucrânia”, disse Blinken em entrevista coletiva no domingo (19).
O presidente Joe Biden partiu da Ucrânia na noite de segunda-feira (20) rumo à Varsóvia, onde deve se encontrar com o presidente da Polônia, Andrzej Duda, e outros líderes de países da OTAN. Biden e Duda vão discutir o reforço da segurança da Polônia e o aumento da presença da OTAN no país, divulgou o assessor de relações exteriores do presidente polonês.