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Programa para vítimas de erro médico durante o parto é alvo de denúncia de corrupção na Flórida

Investigação revelou uso indevido de quase $800 mil em recursos públicos destinados a ajudar famílias de crianças que tiveram sequelas neurológicas ao nascer

Foto: Reprodução Miami Herald

A denúncia envolvendo o Florida’s Birth-Related Neurological Injury Compensation Association, NICA, foi divulgada pela auditora-geral do estado, Sherrill Norman, nesta quarta-feira (18).

Segundo relatório assinado por Norman, o programa criado em 1988 com o objetivo de compensar financeiramente pais de crianças que sofreram danos cerebrais ao nascer, gastou quase $800 mil em almoços e presentes generosos a diretores e altos funcionários, ao mesmo tempo em que recusou repasses de benefícios para as famílias.

“Pais que viajavam com seus filhos para consultas médicas eram limitados a seis dólares para o café da manhã – embora os administradores do NICA pagaram $158 por pessoa em buffets durante reuniões do conselho”, diz o documento.

O programa começou a ser investigado quatro meses atrás quando o jornal Miami Herald em parceria com a ProPublica começaram a publicar matérias denunciando mau uso de verbas estaduais pela iniciativa.

Nas 18 páginas que resultaram da auditoria, Norman examinou as leis estaduais, entrevistou funcionários e gerentes do NICA, inspecionou registros, analisou petições e ouviu pais dos beneficiários cadastrados no programa.

“Este relatório bombástico confirma o vergonhoso tratamento que as famílias do NICA têm suportado por muito tempo – uma cultura de ganância mesquinha pela qual famílias vulneráveis ​​tiveram que lutar com unhas e dentes por serviços essenciais e suprimentos médicos simplesmente para manter seus filhos vivos”, disse a senadora estadual Lauren Book, de Plantation, FL.

O programa, que tem orçamento anual de cerca de $1,5 bilhão, recebia verbas do estado e de outros fundos como dos obstetras que pagavam para obter imunidade em processos judiciais envolvendo erros médicos durante o parto, além de hospitais em que os bebês nasceram que também contribuem.

O investigadores informaram que o NICA negou reivindicações de famílias sem explicar as rejeições. Em um caso, uma mãe teve seu pedido de mil dólares pagos por um aparelho auditivo para o filho deficiente recusado.

Kenney Shipley, diretor-geral do NICA, respondeu à auditoria defendendo os gastos do programa. Quanto aos caros buffets para as reuniões, ele escreveu: “O NICA considerou o fornecimento dessas refeições importante para o desempenho da administração do plano de ação. “De agora em diante”, acrescentou, “o NICA cumprirá as leis estaduais de despesas e transparência”.

Até o momento, nenhuma sanção foi estabelecida para os envolvidos na denúncia.

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