Adiar; deixar alguma coisa para depois: “procrastinei o começo do trabalho”. Transferir a realização de alguma coisa para um outro momento; prorrogar para outro dia: “procrastinei a viagem para o ano que vem”; “não fazia nada e gostava de procrastinar.”
Que jogue a primeira agenda quem nunca procrastina algo. Sou mestre nisso, principalmente se a tarefa é chata demais – na escola eu deixava para estudar um dia antes da prova, e se havia trabalho, também deixava para o último momento para comprar o material (sorry, mamãe…). Mesmo admitindo que sou um procrastinador isso não quer dizer que fique sem fazer nada, apenas deixo para depois aquilo que sei que será mais trabalhoso que outras coisas que me darão mais prazer (sim, essa é A definição de procrastinar).
Eu poderia jogar a culpa no déficit de atenção, afinal muitas destas tarefas acabam sendo armazenadas no sótão de minha memória, local que só visito de vez em quando. E só percebo que estou procrastinando quando as pessoas à minha volta me cobram algo um monte de vezes (ok, ok, eu vou trocar aquela lâmpada do escritório, não precisam me lembrar a cada seis meses!).
Um ótimo exemplo são estes textos – não é que eu não goste de escrever, pelo contrário, adoro (não sei se muita gente lê, anyway). Minha procrastinação para escrever começa na segunda-feira quando recebo o e-mail da editora Ana Paula, perguntando qual colunista tem texto a enviar para que ela possa se programar para distribuir as matérias no jornal. Como esse cutucão é genérico e outros colunistas também têm direito ao espaço, eu a espero entrar em contato direto comigo. Se ela não me escreve até quarta-feira, eu “relaxo” e penso em bolar algo com calma para a semana seguinte – afinal são vários dias para escrever… mas a outra segunda-feira chega feito um relâmpago e geralmente ainda não fiz nada.
A sorte é que consigo encontrar abobrinh… digo, assuntos interessantes muito rápido, e o texto flui fácil – basta pensar um pouco e pronto! Demoro uns minutos para montar o texto, e mais um tanto igual para fazer as fotos super criativas e maravilhosas, dignas de estar em uma exposição na GAPMo (Galeria de Arte para Pessoas Modestas).
Queria muito ser como uma funcionária e amiga, a Carla. Ela é a síntese da anti-procrastinação, se tem que fazer qualquer coisa, faz na hora. Ela me ajuda a não empurrar demais as coisas com a barriga, principalmente agora que a mesma está crescendo. Mesmo assim, minha mesa é um caos de “coisas pra fazer depois”.
Há umas semanas comentei com ela que tive uma crise renal e fui parar no hospital com uma dor duca – fizeram uns exames e depois de me entupir de analgésicos (inclusive morfina, que nem barato me deu), me aconselharam procurar um médico para fazer um check-up, já que nunca havia feito um. Assim que a Carla me ouviu, em minutos pegou o telefone e marcou uma consulta com um cardiologista conhecido, para eu fazer um check-up geral.
Nem sei pra quê essa agonia toda, ainda nem cheguei aos sessenta e só se passaram três anos de quando tive essa crise renal! Ô gente apressada…